Em uma mensagem dirigida aos participantes da 28ª Assembleia Geral da Federação Internacional das Universidades Católicas (FIUC), o Papa Leão XIV convocou as instituições acadêmicas a serem mais do que centros de informação — elas devem ser “coreógrafas do conhecimento”, guiando as mentes em direção à verdade e à transcendência.
A Assembleia, realizada esta semana em Guadalajara, no México, marca o centenário da Federação.
A carta do Papa, datada de 21 de julho, foi lida em voz alta aos delegados reunidos, representando mais de 200 universidades católicas de todo o mundo. Refletindo sobre o tema do encontro, Leão XIV abraçou sua ressonância poética, incentivando harmonia, dinamismo e alegria na busca pelo saber. Mas também lançou uma pergunta essencial:
“A que música estamos dançando?”
“Em nosso tempo”, escreveu ele, “não faltam cantos de sereia — vozes que seduzem com novidade, popularidade ou uma falsa sensação de segurança.” Diante dessas distrações, as universidades católicas são chamadas a se tornarem “itinerários da mente rumo a Deus”, ecoando uma expressão de São Boaventura.
Citando Santo Agostinho, o Papa lembrou que a alma, por si só, não gera luz nem força. Ela precisa se aproximar da fonte da sabedoria — caso contrário, se perde na escuridão.
Diálogo com outros modos de pensar
Essa peregrinação intelectual, observou ele, não é estranha à missão da Igreja. Desde os primeiros tempos do cristianismo, a evangelização exigiu diálogo com outras visões de mundo. O desafio de São Paulo aos romanos — “Que fruto colhestes então das coisas das quais agora vos envergonhais?” (Romanos 6,21) — é, segundo o Papa, um lembrete marcante de que mesmo o brilho do pensamento clássico terminava na morte, não por falta de razão, mas por falta de Cristo.
Cristo, continuou ele, não é estranho ao pensamento humano, mas a pedra angular que dá coerência a ele.
Citando São Tomás de Aquino, Leão XIV afirmou que a verdadeira sabedoria — seja como intelecto humano, seja como dom divino — começa em Deus e se torna base para um autêntico diálogo intercultural e inter-religioso.
“Não precisamos nos afastar de Cristo para dialogar com outras correntes de pensamento de forma frutuosa”, escreveu ele, “mas sim aprofundar nossa compreensão d’Ele como a sabedoria do Pai.”
A mensagem chega em um momento em que as universidades — católicas e seculares — enfrentam pressões crescentes para se secularizar, se polarizar ou transformar o conhecimento em produto. As palavras de Leão XIV soam como um contraponto: um convite a elevar a educação como uma missão sagrada, que honra tanto a fé quanto a razão.
Ele concluiu com uma oração para que Cristo-Sabedoria seja “a bússola que guia a missão das universidades que vocês conduzem”, inspirando uma nova evangelização no coração do ensino superior católico.
A Bênção Apostólica do Papa foi concedida a todos os participantes.









