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O funeral católico único de uma realeza britânica

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Cerith Gardiner - publicado em 19/09/25
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A vida discreta de fé e serviço da Duquesa de Kent termina com uma despedida de especial significado para os católicos britânicos.

Na semana passada, o Reino Unido se despediu de Katharine, Duquesa de Kent — uma das figuras menos conhecidas da família real, casada com o príncipe Edward, Duque de Kent, primo de primeiro grau da falecida rainha Elizabeth II — que morreu pacificamente no Palácio de Kensington, aos 92 anos. Cercada por sua família em seus últimos momentos, partiu serenamente após uma vida marcada pela humildade e pelo serviço.

Fiel à fé que se tornou seu alicerce, ela será sepultada com uma Missa de Réquiem na Catedral Católica de Westminster, no dia 16 de setembro. Trata-se de um momento de profundo significado, pois será o primeiro funeral católico real na Grã-Bretanha desde a Reforma — um rito histórico que reflete não apenas sua jornada pessoal de fé, mas também uma sutil mudança na própria história da monarquia.

Uma realeza que escolheu a simplicidade

Katharine, Duquesa de Kent — mas, em sua vida cotidiana, simplesmente Katharine — decidiu afastar-se das expectativas e dos títulos reais, preferindo ser conhecida como “Sra. Kent”. Assim, descobriu a graça de viver de maneira discreta e servir com humildade. Seus longos anos, quase invisíveis ao público, ensinando música em uma escola primária de Hull sob esse nome despretensioso foram um gesto de amor e solidariedade, sentido profundamente por aqueles que tocou com delicadeza.

Essa mesma simplicidade e ternura se manifestaram até em seus momentos mais públicos. Em Wimbledon, onde frequentemente entregava troféus, o público pôde vislumbrar sua compaixão quando ela abraçou silenciosamente Jana Novotná após uma derrota dolorosa — como recorda a revista Town & Country. Naquele gesto, o protocolo desapareceu e a humanidade prevaleceu, conquistando para sempre os corações do mundo.

Uma fé encontrada no silêncio

Em 1994, a Duquesa de Kent foi recebida na Igreja Católica, tornando-se a primeira integrante de alto escalão da realeza britânica a fazê-lo em mais de três séculos. Não foi um ato de rebeldia, mas uma decisão moldada por anos de busca silenciosa e oração.

Sua conversão não veio com estardalhaço, mas com a convicção serena de que havia encontrado o seu lugar. O gesto teve efeito dentro de sua própria família, encorajando outros a refletirem sobre o mesmo caminho. Encontrou força na Missa diária no Oratório de Brompton, em peregrinações a Walsingham e Lourdes, e no ritmo constante da vida católica.

Por isso, seu funeral católico na Catedral de Westminster — após séculos em que casamentos, batizados e funerais reais foram realizados em outros locais — é mais do que uma quebra de tradição; é o cumprimento sagrado de sua jornada espiritual, vivida com dignidade e profundidade.

Uma despedida cheia de esperança

No dia 16 de setembro, a Duquesa será homenageada com uma Missa de Réquiem na Catedral de Westminster, um rito que discretamente marca a história dentro da família real. Para aqueles que a conheceram, contudo, será simplesmente uma despedida justa para uma mulher cuja fé moldou sua vida de maneira profunda e prática.

Seu legado não está nos títulos nem nos protocolos, mas nas vidas que tocou: as crianças que encorajou através da música, os estranhos que consolou em momentos de dor, os familiares que inspirou silenciosamente em suas próprias jornadas de fé. Em muitos aspectos, este último capítulo é apenas a continuação natural de seu testemunho — humilde, orante e enraizado no amor.

Para os católicos britânicos, seu funeral tem um significado particular. Ver um membro da família real ser honrado com uma liturgia católica, após séculos em que tal coisa seria impensável, é um lembrete suave de até onde o país chegou. É também um momento de encorajamento, mostrando que a fé à qual a Duquesa entregou o coração agora é reconhecida com dignidade nos mais altos níveis da vida pública.

Ao ser sepultada em Frogmore, a Duquesa de Kent deixa um exemplo que aponta para o que realmente importa: viver com simplicidade, amar generosamente e confiar profundamente em Deus. Que descanse em paz.

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