Quando os cardeais se reuniram no conclave de em maio de 2025, procuravam alguém capaz de dar continuidade às linhas mestras do pontificado anterior, com um estilo mais discreto e agregador. Na avaliação de vaticanistas, a eleição de Prevost foi lida como um voto de continuidade no conteúdo, porém com um estilo mais pragmático e reservado.
Além disso, o Colégio Cardinalício que entrou na Capela Sistina em 2025 tinha um perfil moldado por Francisco: após o consistório de 30 de setembro de 2023, quase três quartos dos eleitores haviam sido criados por ele — um dado que, por si, favorecia nomes alinhados à sua agenda de reforma.
Um papa capaz de falar com o mundo
Prevost reuniu três credenciais raras num mesmo perfil, primeiro sendo nomeado Prefeito do Dicastério para os Bispos em 2023 por Papa Francisco. Esse posto deu a Prevost uma visão global da Igreja e interlocução direta com cardeais e episcopados. O segundo ponto foi sua experiência missionária na América Latina, região predominantemente católica. Ele foi bispo de Chiclayo (Peru) e atuou por décadas como missionário, falando espanhol com fluência e conhecendo por dentro a realidade das Igrejas das Américas. Por último, não podemos esquecer que ele foi Prior-Geral dos Agostinianos (2001–2013), cargo que o levou a visitar províncias no mundo inteiro e arbitrar temas delicados da vida consagrada. Esse conjunto o tornou, para muitos eleitores, um nome-ponte entre Norte e Sul, com lastro pastoral e capacidade de governança.
Cardeal recente mas com ampla rede relacional
É fato: Prevost foi criado cardeal em setembro de 2023 e eleito papa em 2025, menos de 20 meses depois. O “pouco tempo” de púrpura, porém, veio depois de funções que o colocaram no centro das decisões (prefeitura do Dicastério para os Bispos; participação em vários outros dicastérios desde outubro de 2023).
Assim, embora “novo” no Colégio, já era bem conhecido e confiável para quem vota, além disso, ele sempre teve um perfil agregador.
Na primeira entrevista como prefeito (2023), Prevost resumiu sua visão: “o bispo é pastor, não gerente”. Essa ênfase no cuidado pastoral — sem descuidar do direito e da disciplina eclesial para proteger o rebanho — ajudou a desarmar resistências entre correntes distintas do Colégio. Em tempos de polarização, um mediador conta votos.
O abraço dos cardeais
Para ser de fato abraçado pelos demais cardeais, o futuro papa deveria seguir alguns requisitos como, dar Continuidade as reformas iniciadas sob Francisco e seu passado indicava forte compromisso essas reformas, sem sobressaltos. Para muitos, isso traria estabilidade com aprimoramentos.
Por ser Americano mas ter vivido muitos anos na América do Sul, Prevost também se colocava como um candidato único já que nunca houve um para nascido nos Estados Unidos e sua vivência no hemisfério sul ainda trazia uma certa conexão com Francisco que era argentino. Tudo isso colaborava com a ideia de continuidade e não de rompimento.
Nasce Leão XIV
Ao escolher Leão XIV, Prevost acenou ao legado de Leão XIII e da Doutrina Social, sinalizando atenção ao trabalho humano e aos desafios de uma “nova revolução industrial” (IA, tecnologia, mudanças sociais). Para cardeais atentos a pontes com o mundo contemporâneo.
Com tudo isso podemos dizer que Prevost não “chegou rápido demais”; ele chegou pronto. A combinação de experiência missionária, autoridade canônica, liderança internacional e credibilidade curial, somada a um Colégio orientado à continuidade e a um perfil de pastor agregador, explica por que os cardeais discerniram nele o homem certo para conduzir a Igreja naquele momento histórico.
