O Estado do Vaticano existe como país desde 1929, mas antes havia os Estados Pontifícios, que duraram quase mil anos. Quando o Brasil foi colonizado, a evangelização dependia do Império Português, assim, a ação da Igreja não era diretamente ligada ao Vaticano. Em 1826, quatro anos depois da independência do Brasil, o Imperador Dom Pedro I nomeou o primeiro representante diplomático do Brasil no Vaticano. O Papa Leão XII recebeu o clérigo diplomata que tinha a missão de conseguir o reconhecimento da independência do Brasil por parte do Vaticano. A primeira questão que o Papa levantou foi sobre o fim do tráfico de escravos, e assim, em 1831 surgiu a primeira lei para proibir esse comércio.
Em 1902, após a república, o Vaticano abriu uma representação diplomática no Brasil. Foi criada assim a Nunciatura Apostólica que corresponde a uma embaixada de país estrangeiro no Brasil.
O Brasil sempre teve muitas pautas conjuntas com o Vaticano. O Brasil é o país que concentra o maior número de fiéis católicos no mundo. Por isso, recebeu três vezes o Papa João paulo II (1980, 1991 e 1997), o Papa Bento XVI em 2007, e em 2013 o Papa Francisco e a Jornada Mundial da Juventude.
Para dar maior destaque à atuação conjunta da Igreja Católica e o Brasil, foram assinados diversos acordos bilaterais. Tem destaque aquele de 1989, no governo do presidente José Sarney, que firmou o “Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé sobre Assistência Religiosa às Forças Armadas”.
Em 2008 o presidente Lula e o Secretário de estado do Vaticano, cardeal Tarcísio Bertone, assinaram o “Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé, relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil”. No ano seguinte o congresso nacional aprovou o acordo que passou a vigorar. Segundo o Cardeal Dom Odilo Scherer, “a celebração do acordo da Santa Sé com o governo brasileiro, longe de ser um raridade, faz parte de uma praxe consolidada da parte da Igreja Católica. Numerosos acordos e tratados internacionais foram firmados entre a Santa Sé e países de todos os continentes, muitos dos quais não são de maioria católica ou cristã. Contudo a assinatura do acordo entre o Brasil e a Santa Sé representou um momento histórico, havia muito esperado”.
O Cardeal explica que não é uma regulação sobre privilégios e nem uma limitação da Igreja, mas o reconhecimento mútuo de dois estados soberanos. Dom Odilo explica ainda que “o acordo prevê o tratamento a ser dado às organizações eclesiásticas que, além dos seus fins religiosos, também têm objetivos de assistência e solidariedade social; ao patrimônio histórico, artístico e cultural da Igreja e aos lugares de culto. Prevê ainda a liberdade de prestar assistência religiosa e espiritual aos doentes ou pessoas privadas de liberdade e da educação religiosa nas escolas”.
A relação do Brasil com a Igreja Católica é muito importante e com o tempo ela foi ganhando clareza e segurança jurídica para atuar em diversos campos com independência e autonomia, guiada pela missão do Evangelho.









