Desde os primeiros dias de seu pontificado, as expectativas se concentravam no mês de novembro — e agora a Santa Sé confirmou oficialmente que a primeira viagem apostólica do Papa Leão XIV será à Turquia e ao Líbano, no contexto do 1.700º aniversário do Concílio de Niceia.
O Papa viajará à Turquia de 27 a 30 de novembro, e ao Líbano de 30 de novembro a 2 de dezembro. A primeira etapa da viagem, anunciou o Vaticano, “incluirá uma peregrinação a İznik por ocasião do 1.700º aniversário do Primeiro Concílio de Niceia.”
Contexto
Ao realizar essa viagem, o Papa Leão dá continuidade a um plano que já havia sido idealizado por Papa Francisco e pelo Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu.
Logo após sua eleição, em 8 de maio, Leão XIV garantiu que pretendia manter vivo o projeto de Francisco.
O que foi o Concílio de Niceia?
O Concílio aconteceu no ano 325. As datas exatas são incertas, mas sabe-se que se iniciou na primavera e terminou no verão, por volta de julho ou agosto daquele ano, na cidade de Niceia, hoje chamada İznik, na Turquia moderna.
O imperador Constantino foi quem convocou o concílio.
O Papa Silvestre I (pontífice de 314 a 335) foi representado por delegados. A tradição afirma que 318 bisposparticiparam — número simbólico —, e por isso o evento é considerado o primeiro concílio ecumênico da Igreja. A palavra ecumênico vem do grego oikoumene, que significa “toda a terra habitada”, representando um momento da história cristã anterior ao Grande Cisma entre Oriente e Ocidente, entre católicos e ortodoxos.
O significado para a unidade
O Papa Francisco havia planejado ir à Turquia para celebrar o aniversário do Concílio ao lado do Patriarca Bartolomeu. A data nunca chegou a ser anunciada oficialmente, mas esperava-se que a viagem ocorresse em maio de 2025.
Com o falecimento de Francisco em abril, o projeto precisou ser adiado. Pouco depois, o Patriarca Bartolomeu sugeriu que a visita acontecesse em 30 de novembro, festa de São André.
André, irmão de Pedro, evangelizou o Oriente e é reconhecido como fundador da Sé de Bizâncio-Constantinopla. Bartolomeu, portanto, é considerado seu sucessor espiritual. Reunir Leão e Bartolomeu significa, simbolicamente, unir os sucessores dos dois irmãos apóstolos — o primeiro Papa e o primeiro Patriarca.
O Líbano
Enquanto isso, a etapa no Líbano será uma oportunidade para refletir sobre a situação de todo o Oriente Médio. O país foi descrito por vários papas como “uma mensagem”.
Em 1989, São João Paulo II afirmou:
“O Líbano é mais do que um país: é uma mensagem de liberdade e um exemplo de pluralismo tanto para o Oriente quanto para o Ocidente.”
O Papa Francisco repetiu a ideia em 2020:
“É um país pequeno, mas grande; mais ainda, é uma mensagem universal de paz e fraternidade que nasce do Oriente Médio.”
Em entrevista concedida à Aleteia em 2017, o então presidente Michel Aoun declarou:
“O Líbano é o ponto de encontro de diferentes culturas e civilizações. Seu tecido social inclui todas as confissões do Islã e do Cristianismo, que convivem em harmonia, respeitando a liberdade religiosa e o equilíbrio político. Isso prova que o país tem sido um modelo sofisticado desde a conquista muçulmana até os dias de hoje.”
O Parlamento libanês tem cotas definidas para cristãos e muçulmanos. O partido Hezbollah é uma força política legalizada e possui 13 assentos no Parlamento.
Diante da atual situação política frágil, marcada por tensões entre o Hezbollah e Israel, bem como por conflitos regionais mais amplos, a visita do Papa Leão XIV é vista como um sinal de esperança e reforço para a estabilidade.









