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O que São João Paulo II pensava sobre a pena de morte?

Statue of Pope John Paul II
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Philip Kosloski - publicado em 14/10/25
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Embora muitos pensem que é “justo” matar aqueles que matam outras pessoas, São João Paulo II não acreditava que a pena de morte fosse necessária no mundo moderno.

Sempre que a pena de morte volta às notícias, alguns tentam justificá-la, alegando que matar um assassino é simplesmente justiça.

Alguns chegam até a citar os seguintes versículos do livro do Êxodo para sustentar essa ideia:

“Se houver dano, então darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.” (Êxodo 21,23-25)

Para quem segue essa lógica, se alguém mata outra pessoa, essa pessoa merece a morte.

A visão de São João Paulo II

São João Paulo II testemunhou muitas atrocidades durante sua vida e se confrontou com essa questão da justiça durante a Segunda Guerra Mundial.

Ele conheceu pessoas na Polônia que acreditavam que a única maneira de combater a ocupação nazista era lutar e matar seus opressores. Embora essa fosse certamente uma opção, São João Paulo II escolheu combater o mal com poesia e teatro.

Mais tarde, quando foi eleito papa, ele escreveu a encíclica Evangelium Vitae, na qual falou diretamente sobre a pena de morte:

“[Há] uma tendência crescente, tanto na Igreja quanto na sociedade civil, de exigir que seja aplicada de modo muito limitado ou até mesmo abolida completamente. O problema deve ser visto no contexto de um sistema de justiça penal cada vez mais de acordo com a dignidade humana e, portanto, em última análise, com o plano de Deus para o homem e a sociedade. O propósito primário da punição que a sociedade inflige é ‘reparar a desordem causada pela ofensa’.”

Ele prosseguiu explicando:

“É claro que, para que esses objetivos sejam alcançados, a natureza e a extensão da punição devem ser cuidadosamente avaliadas e decididas, e não devem chegar ao extremo de executar o infrator, exceto em casos de absoluta necessidade: em outras palavras, quando não seria possível de outra forma defender a sociedade. Hoje, porém, como resultado dos constantes progressos na organização do sistema penal, tais casos são muito raros, senão praticamente inexistentes.”

A pena de morte não deve ser justificada por uma mentalidade de “olho por olho”. Se fosse usada, teria que ser em um caso tão raro em que alguém representasse uma ameaça real à sociedade.

É por isso que o Papa Francisco pediu uma atualização no Catecismo da Igreja Católica para reiterar que, no mundo atual, a pena de morte se tornou desnecessária.

A Igreja ensina que cada pessoa foi criada à imagem e semelhança de Deus. Mesmo um assassino possui dignidade humana que precisamos reconhecer e respeitar.

Sempre existe a possibilidade de arrependimento e conversão enquanto a pessoa está viva, e isso é algo pelo qual devemos esperar e rezar.

É importante lembrar como Jesus relembrou o versículo do Êxodo:

“Ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, vos digo: não enfrenteis o malvado! Mas, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser processar-te para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto. Se alguém te forçar a andar uma milha, anda com ele duas.” (Mateus 5,38-42)

Os cristãos são chamados a pensar de forma diferente sobre a justiça e não a reagir clamando pela morte de alguém. Em vez disso, devemos clamar por sua conversão.

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