Nosso coração anseia a união última com Deus no céu, e o amor humano serve para nos apontar, ainda que de forma limitada, para aquilo que viveremos na eternidade.
A grande questão é que, na maioria das vezes, absorvemos para nós histórias de um amor pornografado, vazio, que exclui o plano de Deus. Os ideais transmitidos muitas vezes não correspondem à sede do nosso coração, mas acabam sendo aceitos por nós. A consequência disso é que passamos a acreditar que o verdadeiro amor - aquele pelo qual ansiamos - não existe, ou nos conformamos com uma caricatura dele.
Quero propor, então, que exercitemos a nossa imaginação para nos voltarmos a um relacionamento que viveu de forma perfeita os planos de Deus para a pessoa humana: o matrimônio de José e Maria. Desejo que, olhando para este casal, possamos absorver os verdadeiros ideais, e não as ilusões impregnadas em nossos corações. Não sabemos muito sobre eles, mas a Igreja nos permite algumas suposições.
São Dionísio Aeropagita teve a grandiosa honra de conhecer a Santíssima Virgem Maria. Sobre ela, afirmou: “Confesso, na verdade, que não pensava que fora de Deus fosse possível beleza tão sublime e celestial, como a que contemplei”. E foi por essa beleza que José foi confrontado. Ele, um jovem artesão, entre 18 e 24 anos, judeu fiel às leis.
Talvez a tenha visto pela primeira vez no templo, e desde ali teve o seu coração enamorado por aquela belíssima Mulher. A beleza de Maria não era algo simplesmente físico. Maria é a Cheia de Graça, ou seja, a graça a transbordava, e era o próprio Deus (a Beleza) que transparecia nela.
José era um homem íntimo de Deus, e que, sem dúvidas, já se sentia atraído por uma vida entregue ao Senhor antes mesmo de compreender a totalidade de sua vocação. E, diante de Maria, o coração de José passou a bater mais forte e ansiava ainda mais pela união eterna, a comunhão de amor com Deus. Deveriam haver várias outras, mas José quis amar ela.
Quando Maria enxerga pela primeira vez aquele jovem homem, forte, de postura firme, mas sobretudo, que também revelava a beleza de Deus, imagino que ela tenha orado, pedindo a Deus para que compartilhasse sua vida e missão com José. Deveriam haver outros, mas Maria quis amar ele, principalmente por conta da união de propósitos. A partir daí, orações de ambos os lados rogavam um pelo outro. Não num desejo possessivo, mas num ato de liberdade. A providência Divina se encarregou de tudo.
A iniciativa deve ter sido de José. Provavelmente procurou os pais de Maria e demonstrou o interesse de desposá-la. Padre José Bertolin, um estudioso da Josefologia, nos explica que o casamento judaico era dividido em duas partes: o noivado e o matrimônio. No noivado, o noivo dava uma quantia para a família da moça e assim um contrato era firmado, apesar deles não viverem juntos (este, inclusive, foi o período em que o Anjo apareceu a Maria e anunciou a









