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COP 30: Qual a real situação atual do desmatamento na floresta amazônica?

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Paulo Teixeira - publicado em 27/10/25
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A proximidade da COP 30 em Belém, no Pará, coloca a situação da Amazônia no centro do debate global, mas dados recentes acendem um sinal vermelho.

A maior floresta tropical do mundo perdeu alarmantes 52 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 40 anos, uma área comparável ao tamanho da França

O dado, que abrange o período de 1985 a 2024, faz parte de um relatório divulgado  pela rede colaborativa MapBiomas, que monitora o uso do solo com o apoio de universidades, ONGs e empresas de tecnologia. O levantamento revela o impacto drástico das mudanças no uso do solo da floresta e serve como alerta nas reflexões sobre a COP 30. 

COP 30 e a Ecologia Integral

Em meio a este cenário, a Igreja Católica se mobiliza, buscando atuar como parte ativa na discussão. A Rede Imaculada de Comunicação conversou com Dom Pedro Brito Guimarães, Arcebispo de Palmas, no Tocantins, para uma análise profunda sobre o evento e a crise ambiental. 

"COP é abreviação de Conferência das Partes," esclareceu Dom Pedro. A COP 30, que reunirá 196 países membros da ONU, além de cientistas, organizações e setor privado, é um fórum anual dedicado a debater as mudanças climáticas e crises ambientais. 

A escolha de Belém para sediar a conferência  é vista pelo arcebispo como um momento crucial. "Como a Amazônia é tão importante e essa COP vai acontecer em Belém, é importante que os países que fazem parte da ONU estejam alinhados, mas também as organizações não governamentais, como a Igreja, também tomem partida," afirmou Dom Pedro. 

Fé e ecologia

Dom Pedro Brito ressaltou a importância do envolvimento da Igreja, refutando a ideia de que a missão se limite a "salvar almas" em detrimento de "salvar árvores". Para ele, salvar a alma é salvar a pessoa toda, garantindo sua dignidade e vida plena. “Eu posso dizer pra vocês que não tá faltando entusiasmo na igreja, tem muitas coisas bonitas, muitos grupos interessados nessa questão. Então, é um evento que não é nosso, mas nós estamos nos inserindo ali dentro também, metendo o nosso bom gosto ali dentro também, pra dar uma recalchutada. Porque, afinal de contas, quem vive a realidade intempéries da vida somos nós, né? A igreja sofre tanto quanto quando uma casa cai, quando pega fogo numa casa, quando polui um rio, quando as pessoas morrem de fome, quando há um desastre ecológico, a Igreja sofre também com o povo”, explica. 

Dom Pedro fez um apelo à coerência da fé: "Se você diz com a boca que Deus é criador de todas as coisas visíveis e invisíveis e você não respeita, não gosta, não valoriza, você está desvalorizando a sua própria fé." 

O arcebispo defendeu que a base para o debate deve ser o estudo. Ele citou as encíclicas do Papa Francisco, Laudato si' e Laudate Deum, como guias essenciais que "conjugam ciência, experiência popular e espiritualidade."  

Sobre a prática diária, o arcebispo enfatizou o conceito de "pecado ecológico", presente no Sínodo da Amazônia. Ele criticou a cultura de jogar lixo no chão, uma herança da mentalidade escravagista, e elogiou iniciativas paroquiais, como a separação de lixo e o uso de materiais biodegradáveis em quermesses. "Você joga fora de quê? Da sua casa, mas jogou na rua que é de todo mundo, jogou no rio que é de todo mundo, jogou na praça que é de todo mundo. Então que fora é esse? Você jogou na cara do outro, que vai pagar lá embaixo, onde vai descer a água, onde vai entupir o bueiro, onde vai poluir e vai criar inseto, muriçoca e inseto para trazer de doença. Então que jogar é esse? Então tudo que a gente faz sem essa dimensão solidária, fraterna, de meio ambiente, não é questão de meio ambiente, é para respeitar”, pontuou Dom Pedro, explicando que o lixo que se joga "fora de casa" vai para o rio, a praça, ou entope bueiros, impactando a todos e criando doenças. 

Oração

O debate sobre a COP 30 ocorre em um momento de estiagem e crise hídrica em diversas regiões do Brasil. Dom Pedro Brito encerrou a entrevista com um convite à ação espiritual: "Vamos nos harmonizar," disse, pedindo para que, além do debate e do estudo, o povo reze, "sobretudo a cabeça dos homens, o coração das pessoas, para que entendam que ecologia não é contrário à fé." Ele destacou que a própria Eucaristia, que utiliza o pão e o vinho – frutos da terra –, mostra a ligação profunda entre a fé e o cuidado com o ambiente. 

O arcebispo concluiu pedindo a Deus que envie chuva para o Tocantins e todo o país, ressaltando que, embora não se possa mudar o clima, cada um deve fazer sua parte, unindo fé, ciência, técnica e ecologia integral.

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