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Água: da criação à vida nova

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Paulo Teixeira - publicado em 03/11/25 - atualizado em 03/11/25
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Elemento de mistério e fonte de inspiração em todas as culturas e tradições, a água transcende sua composição química (H2O) para se tornar um dos mais poderosos símbolos da humanidade: o de purificação e, sobretudo, de vida.

Sua origem misteriosa, que desafia a compreensão, e sua aparência mutável — de brisa orvalhada a torrentes impiedosas — inspiraram pensadores e poetas ao longo dos séculos. Um exemplo notável é São Francisco de Assis, que em seu Cântico das Criaturas, louvou a Deus: “Louvado seja pela pre­cio­sa e bondosa água, irmã útil e bela, que brota humilde, é casta e se oferece a todo o que apetece o gosto dela”

1Água na Bíblia

A Bíblia é um vasto manancial de simbolismo sobre a água, marcando momentos cruciais da história da Salvação: 

No Antigo Testamento a água está no princípio de tudo. O livro de Gênesis narra o Espírito de Deus pairando sobre as águas primordiais antes da criação, estabelecendo o firmamento para separar as águas superiores e inferiores (Gn 1,1-10). A água é vital para a flora e a fauna (Gn 2,10-14). No Dilúvio, ela se manifesta como castigo e, simultaneamente, como salvação (Gn 7-8). Posteriormente, no Êxodo, dividiu o Mar Vermelho para libertar os israelitas do Faraó e saciou-lhes a sede no deserto (Ex 14.17). Nos livros sapienciais, a busca pela Sabedoria é comparada a beber de uma fonte, encontrando a palavra de Deus como água viva e eficaz (Pr 20,5; Sir 21,13; Is 55,1.10-11). 

Já no Novo Testamento, o simbolismo atinge seu ápice com a promessa de vida nova feita por Jesus à Samaritana (Jo 4). Ele e o Espírito Santo são apresentados como as verdadeiras fontes dessa vida (Jo 7,37-38; Ap 21,5). Com o batismo no Jordão, Jesus santifica as águas, preparando-as para a ação do Espírito Santo, que as transformaria, para os crentes, no marco final dos pecados e no início de uma nova existência. O ápice desse simbolismo se dá na Cruz, quando do coração aberto de Jesus Cristo jorram sangue e água, sinais que a tradição vê como os sacramentos essenciais da Igreja. 

2Água na liturgia

A Igreja Católica incorporou profundamente o valor simbólico da água em seus ritos: 

  1. Batismo: É o uso primordial e fundamental. A água batismal é a matéria do sacramento que lava o pecado original, infunde a vida sobrenatural e acolhe o fiel como filho de Deus e membro da Igreja. 
  1. Ritos Penitenciais: A aspersão com água benta, frequentemente realizada no início da Missa dominical, é um solene rito penitencial que recorda o Batismo e a purificação necessária para a celebração. 
  1. Sacramentais: A água benta é usada como sacramental ao entrar na igreja, servindo como uma recordação e renovação das promessas batismais. 
  1. Consagração: Gotas de água são misturadas ao vinho da Eucaristia, simbolizando a união dos fiéis (a humanidade, representada pela água) ao sacrifício de Jesus Cristo (a divindade, representada pelo vinho) e, ainda, o Espírito Santo, a fonte da vida divina. 

A água, humilde e essencial, permanece assim um espelho do mistério da fé, fluindo constantemente entre o mundo material e a dimensão sagrada da vida. 

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