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Multiplicar compromissos: caridade ou perigo para o casal?

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Mathilde de Robien - publicado em 03/11/25 - atualizado em 03/11/25
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Se a ação permite realizar e dar, o ativismo – o fato de multiplicar os compromissos – pode prejudicar a comunhão dos cônjuges.

Pierre adora ação. Casado e pai de três filhos, ele se dedica muito ao trabalho – é engenheiro de sistemas de informação –, à escola dos filhos como membro regular da Apel (Associação para a Proteção do Direito à Educação), ao clube de triatlo – sempre se voluntaria para organizar corridas nos fins de semana –, mas também à sua paróquia, onde regularmente ministra aulas de preparação para o batismo com a esposa. Quando perguntado se isso não é "exagero" para o casal, ele responde: "Não, eu gosto."

"O ser humano precisa fazer coisas para se realizar, essa é a parte boa da ação, precisamos agir", enfatiza Padre Paul Préaux, moderador geral da comunidade de Saint-Martin e orientador de casais rumo ao matrimônio. "Devemos amar com obras e em verdade, é o que nos diz São João (cf.1 João 3,18) mas se a ação esconde um vazio, uma fuga, pode se tornar uma forma de evitar o encontro. Precisamos nos entregar através da ação, mas será para edificar ou para escapar?

Este discernimento é ainda mais importante quando casados. O ativismo é um perigo para o casal se impede a verdadeira comunhão com o outro. "Alguém pode estar muito envolvido em seu trabalho, no mundo associativo ou eclesial, mas pode não estar em seu devido lugar se não fizer o que Deus quer dele", explica o Padre Paul Préaux, convidando-nos a distinguir entre fazer atos para Deus e fazer a obra de Deus. É oportuno nos perguntarmos: "Por que meu serviço voluntário em uma determinada instituição de caridade ou educacional ocupa tanto do meu tempo? O que estou buscando? Caridade?" "A caridade tem suas prioridades", responde o padre, "o casal está no topo da lista, a família em seguida, e as atividades depois disso". Pois é na comunhão de vida e amor que os cônjuges alcançam seu caminho para a santificação.

Os riscos do ativismo

"Algumas pessoas multiplicam suas atividades até mesmo dentro do casal ou da família, e isso costuma ser motivo de grande desconforto", observa Don Paul Préaux. Além de o cônjuge ou os filhos se sentirem marginalizados, isso também significa correr o risco de se esgotar e não ter mais nada para dar.São Vicente de Paulo escreveu para Luísa de Marillac: "Há uma tentação sutil do inimigo para fazer você fazer cada vez mais, de modo que, a médio prazo, você não consiga mais fazer nada."

O ativismo também diz respeito aos ritmos de cada pessoa do casal. "Duas pessoas que vivem em comunhão não têm necessariamente os mesmos ritmos de compreensão intelectual e emocional e de percepção da realidade", observa o padre. "Por isso, é muito importante, antes de partir para a ação, verificar se o outro está conosco ou não." O risco é que um dia, o cônjuge acorde e diga ao outro: "Você nunca respeitou minhas expectativas e necessidades, não ouviu o que eu queria trazer, não estamos mais em comunhão." No contexto atual de aceleração dos ritmos da vida, respeitar o ritmo do outro não é fácil. "Não nos damos ao trabalho de parar para nos ouvir, para nos olhar, para contemplar... Tantos pequenos desvios que prejudicam a comunhão das pessoas", alerta o Padre Paul Préaux.

Contemplar

Um último risco do ativismo é o “ inútil agitar”. São Paulo resume isso em sua segunda carta aos Tessalonicenses: "Soubemos que alguns de vocês estão vivendo desordenadamente, ocupados, sem nada para fazer." (3,11). Padre Paul Préaux os compara a moinhos de vento: "Eles giram, giram, giram, mas não produzem nada. Giram vazios. Fazem muito barulho, levantam muito vento."

A todos aqueles que se dedicam excessivamente a diversas atividades, o Padre Paul Préaux oferece dois conselhos. Primeiro, discernir: "Por que vocês estão fazendo tanto? Para quê e para quem vocês estão trabalhando tanto?". Segundo, descansar: "Respirem, descansem. Apoiem-se uns nos outros, entrem no descanso de Deus."

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