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Relacionamento: compreendendo e superando uma infidelidade

Wedding engagement ring - Woman

© Fizkes

Edifa - publicado em 15/10/19

Ninguém está imune à infidelidade. Mas como evita-la? E se o adultério aconteceu, como reconstruir o seu relacionamento?

Quais são as principais causas do adultério?

Padre Denis Sonet : O orgulho, antes de tudo. Temos muita segurança em nós mesmos: “Isso não vai acontecer comigo”. Somos, portanto, imprudentes, brincamos com fogo: “Só estou curioso para saber se ainda posso ter sucesso com esse tipo de pessoa… de qualquer forma, vou parar a tempo!”. Temos também muita confiança no outro: “Minha esposa é cristã, ela não vai me enganar!”. E assim vamos nos permitindo deixa-la um pouco de lado, negligencia-la, a empurrar para os braços de amigos que acreditamos serem seguros. 

Isso significa que você precisa ficar desconfiado de si mesmo, de sua esposa e de todo mundo?

Não, mas você tem que ser prudente. O casal leva o seu amor em um “vaso de argila”. É preciso saber que todos os casais foram ou serão tentados pelo adultério, e ninguém está isento a esta realidade. Portanto, acima de tudo não julgue assim tão rápido aqueles que estão presos neste pecado.

O adultério clássico geralmente nasce de uma imprudência ou curiosidade estúpida: “Eu sempre fui fiel à minha esposa, mas uma vez, apenas uma vez, houve uma pequena ‘emenda no contrato’. Isso poderia reavivar o nosso amor… eu li isso em algum lugar. Além disso, percebi que na verdade não sou indiferente à minha secretária, preciso ter cuidado para não correr o risco de cair na armadilha novamente”.

No dia seguinte, quem pensou em se resguardar, presenciou sua secretária fazer grandes declarações: “Quando vamos sair mais uma vez? Você me ama ou só queria dormir comigo? Você é apenas um safado…” Envergonhado e não querendo parecer um safado, ele diz a si mesmo que aceitará vê-la novamente só mais uma ou duas vezes e que será capaz de deixá-la depois. E é assim que a armadilha se fecha. Ele está preso, algemado em um caso que não queria a princípio, ou literalmente enfeitiçado por uma paixão que não é mais capaz de controlar.

Eu costumava dizer aos que são tentados pelo adultério: “Pense com cuidado, você corre o risco de entrar em uma ‘furada’. Já é complicado o suficiente com uma pessoa!”. Quantos homens poderiam dizer ao falar com um conselheiro matrimonial: “As coisas não estavam indo bem com minha esposa e então me falaram para encontrar uma amante. Agora estou muito preocupado: minha amante me avisou que se eu ficasse com minha esposa, ela se suicidaria; minha esposa me falou a mesma coisa. De toda forma é como se tivesse um cadáver em meus braços. Diga-me o que fazer!”.

“As coisas não vão bem com a minha esposa …” A maioria dos adúlteros começa assim?

Sim, uma das causas principais do adultério é a insatisfação. Não devemos esquecer que desde a infância somos criados para desejar uma “fusão maravilhosa” com uma pessoa que seria inteiramente para nós mesmos, uma pessoa que, como nossa mãe, nos amaria totalmente, que, como ela, seria ideal. Contudo, esse desejo de encontrar uma pessoa perfeita será inevitavelmente decepcionado e por isso é grande a tentação de pensar que com outra pessoa será melhor. A imaginação reviverá o velho sonho e idealizará antecipadamente qualquer encontro possível. Colocaremos na nova pessoa todas as qualidades e alimentaremos para fora do nosso relacionamento esperanças que são falsas.

Assim que um dos cônjuges se sente frustrado em sua vida conjugal, seja a nível corporal (“Não temos sintonia sexual”), seja no nível do coração (“Ele nunca tem uma palavra de carinho”), seja no nível espiritual (“Com ela, é impossível argumentar”), ele deseja inconscientemente – ou às vezes com muita consciência – encontrar aquele que lhe dará o que o outro não fez, não conseguiu suprir.

Portanto, é importante expressar claramente para o outro o desejo que permaneceu insatisfeito, pois é essencial estar muito atento às solicitações e insatisfações do outro. A comunicação do casal é a melhor maneira de “cortar pela raiz” a tentação. Uma vez que a comunicação falha, um dos cônjuges corre o risco de se apegar a uma outra pessoa com quem, precisamente, ele pode “falar” e trocar confidências.

O adultério confere ao cônjuge enganado uma ferida profunda. Será que é possível reparar esse erro?

Primeiro, acredito que aquele que foi infiel deve absolutamente dizer ao cônjuge o quanto ele é consciente de que o fez sofrer. Ele não será “absolvido” enquanto o sofrimento causado não for mais levado em consideração. A princípio, ele também deve aceitar a incompreensão do outro. Ele não deve fugir das perguntas que seu cônjuge fizer: “Por que você fez isso comigo? Como eu te decepcionei? O que havia de errado conosco?”. Ele precisa dar todas as provas de que parou de trair, sendo muito transparente com relação às suas atividades, para permitir ao outro recuperar a confiança, sabendo que essa confiança não retornará imediatamente. E então ele poderá pedir perdão, sem justificativas, simplesmente pedir o perdão do outro, humildemente.

E quem foi enganado, como deve se comportar?

Ele deve evitar o julgamento consciente de que a fraqueza humana existe. Não é uma questão de aprovação, mas de compreensão. É preciso refletir se caso fosse colocado em uma situação idêntica, ele não teria também caído na tentação. Ele deve ser consciente do esforço que o seu cônjuge está fazendo para remediar esse erro a fim de ser fiel ao seu voto matrimonial, sem dizer “Não fez mais do que sua obrigação”. Ele deve evitar fazer o outro pagar pelo imenso sofrimento do seu interior e evitar de o culpabilizar. Deve se interrogar sobre o que, dentro do seu próprio comportamento, deve mudar para que seu cônjuge encontre ao seu lado tudo o que foi buscar em outro lugar.

É possível se recuperar após um adultério?

Alguns casais se enganam às vezes por muito tempo, chegando à beira de um colapso total, e por fim conseguem se reencontrar. Uma “turbulência” pode ser utilizada de forma positiva para o futuro. Um adultério que foi superado permite geralmente ao casal recomeçar a partir de outras bases e, ainda o tira da mediocridade que pode ter explicado o adultério.

Padre Denis Sonet

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CasamentoRelacionamento
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