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E se a minha amada não demonstra carinho?

Couple - Bedroom - Unhappy - Man - Woman

© NotarYES

Edifa - publicado em 16/10/19

As mulheres não são as únicas a reclamar da falta de ternura ou carinho no relacionamento. Alguns homens também desejam carinho, mesmo que para eles esses gestos têm na verdade uma conotação sexual. Homens, aqui estão algumas dicas que os ajudarão a entender melhor sua amada

“Minha esposa nunca demonstra carinho”. Esta é uma frase que ouço de maridos que dizem que sofrem com uma esposa que parece alérgica à ternura e, acima de tudo, que é incapaz de se doar. O marido chega a ficar surpreso com o fato de a mulher encarnar a doçura, a delicadeza requintada, a sensibilidade precisamente feminina. Qualidades que ele deve ter aprendido a apreciar ao observar a sua mãe. 

Ao escrever essas linhas, não gostaria de culpar as esposas que não são os tesouros de ternura que o marido espera encontrar. Eu sei bem que muitas vezes elas são as primeiras a sofrer dessa frieza que as habita e que elas não conseguem abandonar. “O que você quer… isso não se controla… é mais forte que eu… não posso me forçar!”. Mas sei que não existe falta de ternura no coração humano. Não é porque essa ternura não se manifesta que ela esteja ausente. Ela está lá, cochilando ou bloqueada, ignorada ou reprimida, com medo ou escondida, mas muito presente. É importante procurar as causas desse fechamento, desse bloqueio.

As razões para esse comportamento são múltiplas

A primeira explicação que vem à mente é que a esposa não ama mais o marido ou nunca o amou. Explicação plausível em alguns casos, mas que também pode servir como um álibi fácil: “Entenda-me… casei com ele sem muito amor. Eu fui forçada pelo meu ambiente. Fiz um casamento na razão, pensando que o amor viria a seguir”.

É também preciso perceber outros pontos de vista, outras razões. Por exemplo, a falta de ternura recebida durante a infância. Isso é sem dúvidas uma desvantagem: como dar o que não recebemos? Qualquer criança, para sofrer menos, tende a “proteger-se” ou a desvalorizar o sentimento que não pode ter. Por isso, nela permanece a necessidade de ternura que ela não conheceu, se não “um vazio”, causado pela falta, pela ausência. 

A educação também pode ser a causa do fechamento. Existem famílias onde abraços são excluídos, considerados como demonstrações de afeto infantis. A consciência desse condicionamento poderia ajudar a esposa a dar um passo atrás no passado e permitir-se comportar de uma maneira diferente.

O carinho dado apenas aos filhos também poderia ser a causa de uma indiferença em relação ao marido? Sabemos a importância do amor materno. O sentimento de proteção das mulheres que veem os pequenos, tão frágeis, e percebem que eles precisam de um ambiente emocional importante, mas erroneamente consideram que o marido adulto e forte pode facilmente lidar com isso. Como se para ser uma boa mãe, primeiro você não precisasse ser uma boa esposa!

A recusa de carinhos pode igualmente ser uma recusa do prazer, das carícias por exemplo, um medo da sexualidade. É um sinal provável de subestimação do corpo – subestimação que pode ser consequência de uma educação puritana ou de um evento que afetou profundamente a pessoa em seu corpo (aborto, violência, agressão sexual…). Uma consulta com um profissional competente pode detectar e remover inibições ocultas.

Finalmente, pode haver a impressão desagradável de ser apenas um objeto, quando o marido sistematicamente une carinho e vida sexual. As mulheres podem acabar com medo. Esses atos são então percebidos como uma demonstração “estratégica” de carinho e não gratuita. Outra hipótese é de haver também o medo de dar ao outro poder sobre seu corpo e sua sensibilidade; ou um episódio de fraqueza do marido que nunca foi verdadeiramente perdoado… Os motivos são múltiplos. De qualquer forma, uma vez detectada a causa, o trabalho de cura exigirá esforço e tempo.

Então, o que dizer, o que fazer? 

Enquanto isso, o marido pode propor um carinho desinteressado, voluntariamente desconectado de uma demanda sexual, um carinho que sabe esperar pacientemente, porque é óbvio que qualquer “assédio” nessa área apenas atrasaria a evolução da esposa. Uma atitude que, de fato, significa para o outro: “Veja bem, eu não quero restringir você em nada. Simplesmente, meus braços são grandes e estão abertos para que você venha aconchegar-se lá sempre que você desejar. E você não precisa deixá-los… Eu te amo, isso é tudo! “

À esposa cabe se reconciliar com seu corpo, este presente maravilhoso do Criador. Esse corpo que seu Filho não desdenhou vestir! Essa também é a oportunidade de refletir sobre seu relacionamento com o prazer, considerá-lo como totalmente desejado por Deus. “Os cônjuges não fazem mal em aceitar os prazeres associados à sua condição”, disse o austero papa Pio XII.

Para a esposa é preciso sempre aprender sobre o desapego. O bloqueio é comum às vezes. Uma garotinha chora em seus braços, mas ela não tem a brandura de abandonar-se nos braços de um marido amoroso, que é para a sua vida um sinal da ternura de Deus.

Padre Denis Sonet

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