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A fecundidade do casal perante a infertilidade

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© Monkey Business Images

Edifa - publicado em 21/10/19

Diante da incapacidade de ter filhos, os cônjuges podem se perguntar por que Deus os uniu. E se a fecundidade não for reduzida apenas à reprodução?

Os cônjuges que não conseguem engravidar costumam se perguntar: qual a finalidade, qual o fruto, qual é o significado do nosso amor? Isso nos convida a refletir sobre a fertilidade e “as fecundidades” do matrimônio. Jesus Cristo nos ensinou sobre uma fecundidade misteriosa e estonteante: a fecundidade da Cruz (Mc 8, 34). A infertilidade é uma realidade impossível de lutar contra. Contudo, ela não é um infortúnio absoluto, ela não impede que alguém viva ou ame. No entanto, para os cônjuges, nada pode substituir o filho gerado pelo seu amor, e que, por sua, os fez nascer como pais. É por isso que não existem meios para consolar e ainda menos para compensar o casal nos casos de infertilidade. É comum que eles sintam um enorme vazio, correndo o risco de afundar no sofrimento, ou ainda vivam o sutil risco de deixar que esse vazio na vida se torne um vazio no coração.

Os desafios podem revelar as riquezas do coração

Por outro lado, um coração ferido, pobre e que aguarda pacientemente, pode se tornar um coração ainda mais vivo, aberto, apaixonado. Não negue as provações, isso pode fazer você desanimar. Claro que a provação também é um desafio a superar, mas ela pode revelar riquezas do coração que antes não eram conhecidas. Ainda mais profundamente, a provação abre o nosso coração para viver junto à Cristo a fraqueza e a loucura da Cruz (1 Cor 1, 22-25). A esse respeito, o casal ferido em sua fertilidade pode ter uma missão especial. Especialmente em nosso tempo, onde o amor e a vida estão expostos a tantos ataques, o casal passa a participar secretamente e dolorosamente da gestação de uma civilização do amor e de uma cultura da vida.

Além disso, não devemos reduzir a fertilidade do casal à procriação. O simples fato de ter filhos exige todo o trabalho da educação e este é um aspecto essencial da paternidade e da maternidade. Assim como um casal com filhos biológicos, um homem e uma mulher sem filhos podem ser verdadeiros educadores e ajudar a “criar” uma criança, através da participação em sua vida pessoal, social e espiritual. Isso é óbvio no caso da adoção e também é verdade em situações menos formais e menos permanentes. Por exemplo, os jovens podem encontrar em seu caminho muitos adultos que não são seus pais, mas que os ajudam a se desenvolver – Sócrates chamava isso de arte da maiêutica.

As três formas de fecundidade do casal

De forma simples, não esqueçamos que um verdadeiro amor é sempre dom dado por Deus. Ainda mais quando é consagrado no sacramento do matrimônio. A fecundidade dessa união ultrapassa os filhos que podem ou não chegar. Antes de tudo, os cônjuges dão vida um ao outro. Dizer “eu te amo” é sempre ter fé no outro, esperar por ele. Numa visão cristã, um está ajudando o outro a se tornar o santo que Deus deseja. E então, juntos, os cônjuges formam um lar, uma família. Eles precisam desenvolver ao longo dos dias essa realidade nova e viva que é o seu relacionamento, e isso é muito mais do que morar sob o mesmo teto. Por fim, a nova família é chamada a sair de si, através de um serviço, uma missão. É mais do que fazer qualquer coisa ou ter compromissos. É se envolver no amor de Jesus pelo mundo. Isso faz parte do sacramento do matrimônio. E pela graça desse amor e dessa união, a Terra não será mais a mesma!

Padre Alain Bandelier

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