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É possível desfrutar da felicidade sem ter medo de perdê-la?

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© Halfpoint

Edifa - publicado em 22/10/19

“É bom demais para ser verdade!” Essa é geralmente a nossa reação quando tudo vai bem na nossa vida (às vezes achamos que tudo está bem até demais), como se tivéssemos medo da felicidade e quiséssemos conjurar a má sorte sobre nós mesmos, imaginando sempre que o pior pode acontecer, para não ficarmos desapontados. Mas por que nós temos tanto medo de ser feliz? Como se livrar desse sentimento?

Deus nos criou para que sejamos felizes e por isso o sofrimento é um dos maiores mistérios que enfrentamos. A fé, de certa forma, torna esse mistério ainda mais opaco: se Deus não existe, o sofrimento é inevitável, mas se Deus é amor, como Ele é capaz de o tolerar? Às vezes tentamos barganhar com Deus: “Eu te dou isso se o senhor me der aquilo”, como se quiséssemos domar um tipo de divindade toda poderosa, pronta a nos fazer sofrer um golpe duro. Mas Deus é nosso Pai, ele não deseja jamais o nosso mal e não cessa de nos livrar de todo perigo. Ninguém quer a nossa felicidade mais que ele e ninguém além dele é capaz de nos fazer felizes.

Como temos medo das situações de sofrimento da vida, temos também a tendência de desconfiar de Deus. E aí colocamos a nossa confiança em todo tipo de amuleto de sorte mais do que apenas nele. Nós não ousamos nos abandonar totalmente em suas mãos e tudo doar, especialmente quando se trata daqueles que amamos e das coisas com que nos preocupamos. Temos medo que Deus tire a nossa liberdade. Contudo, ele faz bom uso de tudo que o doamos não para ele mesmo, mas para nós. Não é desejo de Deus retirar de nós as nossas posses e fazer com elas algo ruim, como o Maligno procura nos convencer, mas ele tudo faz para nos tornar pessoas livres. Quando estamos demasiadamente apegados a nossa felicidade e às coisas que nos trazem felicidade, nós não a aproveitamos inteiramente, pois o medo de perde-la é maior que nós.

Deixar-se conduzir por Deus

Mesmo quando andamos lado a lado com Deus, não estaremos imunes a viver sofrimentos em nossas vidas, porém nós não teremos mais medo dos momentos de escuridão. “Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo.” (Salmos 22). Deus tem grandes sonhos para os seus filhos, ele não quer nos dar apenas felicidades passageiras na vida terrena, mas deseja nos preencher com a sua felicidade. Essa felicidade não é deste mundo, mas é dada a nós neste mundo, também através do sofrimento, no hoje.

Quanto mais somos capazes de acolher a felicidade verdadeira, mais somos profundamente felizes. Agora, quando tudo vai bem, pode acontecer de perdemos o desejo dessa verdadeira felicidade, e nos contentarmos com algo passageiro que nunca nos preencherá. Contudo, precisamos entender que se é a verdadeira felicidade que procuramos, Deus nos alcança até mesmo no momento da angústia mais profunda. Ele deseja nos dar a felicidade perfeita. É um caminho misterioso que contradiz todas as nossas ideias sobre felicidade: um caminho de cruz. Mas que sempre nos conduz à pascoa, à ressurreição.

Como as alegrias da Terra são como um reflexo das alegrias do céu, o Maligno nos sussurra: “Está bom demais, não vai durar”. Mas a verdade é exatamente o oposto: o mau que é “muito ruim para durar”. Não deixemos que se perca em nós o desejo da felicidade sem fim. Que possamos ter corações disponíveis e abertos a tudo o que Deus deseja nos dar. Isso é muito belo. Belo demais para chegar ao fim!

Christine Ponsard

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