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E se você se deixasse surpreender? 

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Edifa - publicado em 22/10/19

Nosso mundo é maravilhoso, mas nós não o contemplamos o suficiente. No entanto, qualquer que seja a nossa idade, cabe a nós louvar a Criação e nos deixarmos maravilhar, tendo e vendo mundo como um presente de Deus

Os jornais, o rádio e a televisão despejam todos os dias sobre nós um grande fluxo de lamentações e catástrofes. Isso nos adormece, nos faz esquecer de nos surpreender.“Pessoas felizes não têm história”, eles dizem, e é provavelmente por isso que valores como o amor verdadeiro, a fidelidade, a beleza, o dom de si e a alegria não estampam a primeira página dos jornais e nem mesmo estão presentes na maioria das conversas.No entanto, deixar-se maravilhar é uma das qualidades da infância, daquelas que fazem Jesus dizer: “Pai, eu te louvo por ter escondido estas coisas dos sábios e eruditos, e tê-las revelado aos pequeninos”.

Maravilhar-se não é cultivar o otimismo arrogante, sonhador e irrealista. Pelo contrário, maravilhar-se é a atitude de contemplar a realidade em toda a sua plenitude, para ver além das aparências desfiguradas pelo mal.Saber maravilhar-se é deixar-se levar, livre e conscientemente, pela presença amorosa de Deus através de tudo o que vivemos. É olhar para as coisas e as pessoas com um coração sempre novo, sem tédio ou cansaço. É deixar-se surpreender, recebendo a vida de cada dia como um presente. É permanecer puro de toda cobiça, de qualquer desejo de apropriação ou dominação.

É importante moldar o julgamento de nossos filhos ensinando-os a discernir o mal. É vital abrir os olhos e o coração deles para o sofrimento dos outros e ensinar-lhes a compaixão. Contudo, é igualmente importante ter cuidado para não afastar deles essa capacidade de maravilhar-se com as pequenas coisas.

A arte de cultivar um coração maravilhado no seu dia a dia

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© Lucky Business

Procuremos primeiro nos maravilhar com as crianças. Isso quer dizer que precisamos estar realmente atentos, porque estar maravilhado nem sempre se traduz em exclamações entusiasmadas. Muitas vezes é o oposto. Alegrar-se com nossos filhos não é fazer exclamações em alta voz, pois o maravilhamento se encaixa mal ao barulho. Ele é um estado de espírito, uma forma de contemplação que é vivida no mais íntimo do nosso ser, no nosso jardim secreto, ao qual só Deus tem acesso.

Deixemo-nos maravilhar com e em frente aos nossos filhos. Se o maravilhamento é profundamente secreto e silencioso, serão nossas palavras e atitudes que favorecerão ou, ao contrário, sufocarão a capacidade de admiração. Sem silenciar o que está errado, vamos também destacar o que é bonito, o que é bom. Tomemos o exemplo da família: nós falamos bastante, com base em muitas pesquisas estatísticas, sobre o aumento do número de divórcios, contudo, tendemos a ignorar os cônjuges profundamente amorosos e fiéis. As múltiplas preocupações causadas pelas crianças são frequentemente exibidas, mas com muito menos frequência as imensas alegrias que elas nos trazem. Por que ouvimos tanto o dizer“crianças pequenas = pequenas preocupações; crianças grandes = grandes preocupações”, enquanto raramente ouvimos “crianças, jovens e idosos = grandes alegrias”? Nós poderíamos dar centenas de exemplos do mesmo tipo.

A presença de Deus no centro de nossas vidas

Quando você pergunta a uma criança e mais ainda a um adolescente sobre as suas maiores qualidades, ele muitas vezes responde citando defeitos! Isso nada mais é do que um reflexo da sua falta de confiança, de um olhar negativo sobre si. Não é bom elogiar continuamente uma criança e enaltecer suas inúmeras qualidades em todo lugar. Mas não é bom também rebaixá-la incessantemente, infligir comentários depreciativos ou irônicos sobre seu mau comportamento, seu “nariz comprido” ou sua lentidão. Nós nunca ajudamos uma criança a crescer a humilhando ou menosprezando. Isso não significa que não devamos ensiná-la a reconhecer seus erros e seus limites, a acolher calmamente seus fracassos e humilhações. Mas cabe a nós ajudá-la a cultivar todos os talentos que o Senhor a deu. E, portanto, discernir esses talentos de maneira muito simples e humilde.

Muitas vezes, quando conhecem os milagres de Jesus, as crianças dizem: “Que pena que a gente não estava lá. Seria muito bom ver um milagre!” Portanto, ensine-os a ver o que é maior e mais forte do que todos os milagres: a presença de Deus no centro de nossas vidas! É maravilhoso que Jesus transforme água em vinho ou cure os enfermos, mas é muito mais extraordinário que ele tenha morrido e ressuscitado por cada um de nós. Deus é de inimaginável beleza e bondade, e nEle não há lugar para o mal. O amor de Deus por nós vai além de toda expressão. Ele nos ama hoje mesmo, aqui onde estamos, com nossos pecados e nossas infidelidades. Deus cuida de todo homem com infinita dedicação. Ele nos chama, de agora em diante, a vivermos ressuscitados! Diante de tantas maravilhas que nos são dadas todos os dias, a cada momento, não deixemos de nos surpreender, com o olhar de criança.


Christine Ponsard

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