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O que fazer quando o ciúme destrói o relacionamento?

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© Antonio Guillem

Edifa - publicado em 23/10/19

"O ciúme é um monstro que se engendra e brota de suas próprias entranhas", disse William Shakespeare. Se, no início do relacionamento, o ciúme do outro parece uma prova de amor, a médio prazo a situação pode se tornar insuportável. Como erradicar o ciúme e encontrar calma e serenidade na vida a dois?

O ciúme é um sentimento muito comum entre os casais. Ele tem um lado bastante agradável, porque dá aos cônjuges a certeza de serem correspondidos no seu amor. O ciúme geralmente dá a vida um pouco de tempero, mas rapidamente assume um gosto desagradável quando é excessivo e infundado. Aqui não falamos do ciúme legítimo ou saudável, nem do ciúme divertido que vem do amor verdadeiro. Falamos do ciúme mórbido, que duvida, suspeita e gera medo sem motivos.

Do amor à destruição dos outros e de si mesmo

Esse ciúme rapidamente se torna insuportável especialmente para aquele que está vivendo a dor de ser espionado e continuamente posto em dúvida. Mas é insuportável também para os ciumentos, que são os primeiros a sofrer. Eles têm vergonha disso, pois o ciúme gera violência contra si mesmo e contra o outro. É poderosamente corrosivo e faz uso dos sentimentos mais vívidos, dos relacionamentos mais bonitos. As pessoas que têm ciúmes sofrem uma sensação de pânico, de não ser importante ou de ser impiedosamente rejeitado. Isso causa auto depreciação: “De qualquer forma, eu sei que sou inútil. Você nunca gostou de mim, e isso é normal, considerando quem eu sou”.

É como uma declaração de fracasso, colocando sobre si ao mesmo tempo a culpa e a acusação do outro: “Você não cuida de mim. Só está lá para os outros”, ” Você pensa apenas em você”… Um faz de tudo para manter o controle do outro, incluindo chantagem. Um obriga mesmo o outro a se sentir com ciúmes: “Se você não está com ciúmes, é porque você não me ama!”. Tudo pode ser uma desculpa para o ciúme: as crianças, a sogra, o trabalho… qualquer coisa que dê a impressão de que você não está em primeiro lugar na vida do outro. E para curar aquele que sofre o ciúme profundo, é necessário tempo.

De onde vem esse ciúme?

Certamente, o cônjuge pode contribuir bastante para curar um parceiro ciumento. Por exemplo, tomando iniciativas para demonstrar o seu amor. O homem ciumento se vê como um não amado, precisa de provas frequentes de afeto. Seu parceiro também deve ter uma grande transparência em sua vida, uma grande clareza em seus horários, por exemplo. Se ele mente um pouco para evitar brigar, ele alimenta o ciúme.

Mas, em geral, é o ciumento que deve trabalhar para encontrar a paz. A terapia pode ser necessária em casos particularmente obsessivos. No entanto, um grande passo em direção à libertação pode ser dado através da conscientização. Portanto, é aconselhável procurar interiormente a causa profunda e real desse ciúme. A raiz é geralmente a falta de autoconfiança. É evidente que a dúvida está mais em nós mesmos do que o outro. Não acreditamos no nosso poder de sedução, porque nós mesmos estamos convencidos de que não temos valor e que o outro vai pensar a mesma coisa. De onde vem essa falta de autoestima? Muitas explicações são possíveis.

Primeiro, dos acontecimentos do passado, da nossa história. Todo ser humano sabe que precisou compartilhar com seus irmãos e com o seu pai aquela que o considerava único: sua mãe. Há ciúmes que começam com o nascimento do irmão mais novo e que percebemos em nossa vida anos depois. Ou talvez a pessoa tenha sofrido com uma educação em que a comparação e até a rivalidade foram cultivadas. Ou mesmo simplesmente ainda vive em seu interior o desejo infantil de ter tudo. Os ciumentos gostariam de possuir até mesmo o passado do outro.

A causa do ciúme também pode estar no passado próximo. Pode estar oculto em uma história recente, uma atitude do cônjuge, por exemplo – provocação, imprudência, falta ou excesso de reservas, fofocas, criar suspeitas e desestabilização. Ou mesmo no caso de um antigo adúltero que projeta no outro suas próprias tentações de infidelidade, destruindo a confiança.

Saia do círculo infernal de ciúmes

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Após um período de introspecção, algumas atitudes de senso comum podem reduzir o ciúme. É necessário lutar contra a tendência possessiva do amor: o ciúme é muitas vezes o oposto do amor. O amor verdadeiro é oblativo, não prende o outro, mas o deixa livre, e essa é a melhor maneira de se conectar com ele. O amor só cresce em liberdade. É necessário que o ciumento veja o que o outro lhe traz, e não se concentre apenas no pouco que seu parceiro esqueceu de dar.

Muitos ciumentos tem a mania da reconciliação, e no fim, eles terminam por ter de certeza de que erraram. O ciumento precisa estar atento àquilo que o outro busca e espera da vida de casal, assim este não será tentado a procurar nada em outro lugar, fora do seu matrimônio. Mas, acima de tudo, é preciso recuperar a autoconfiança e a confiança em Deus. Desenvolver esse sentimento de ser único, insubstituível, para que seja possível se enxergar com os olhos de Deus, pelos quais temos um preço altíssimo. Por que duvidamos de nós mesmos, quando Ele não duvida um só minuto de Sua eternidade?

Padre Denis Sonet

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