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Quem “dita as regras” no seu relacionamento?

Couple - Arm Wresling

© stockfour

Edifa - publicado em 25/10/19

Em um relacionamento a dois, quando escutamos palavras fortes e em voz alta, como: “Sou eu que mando!”, é porque provavelmente é o outro que verdadeiramente governa. Então, quem tem realmente o poder no seu relacionamento?

Atenção! No interior de um relacionamento a dois ou de uma família, aquele que tem ou assume o poder não é sempre aquele que pensamos. De fato, existe o poder oficial e o poder não oficial (o verdadeiro). Até a geração dos nossos pais ou avós, era comum o homem ter o poder oficial. Ele era o chefe da família. Mas, muitas vezes, o poder não oficial era da esposa que chegava habilmente aos seus fins, deixando ao marido a honra de acreditar que era ele quem decidia. Ainda hoje, algumas mulheres fazem isso. Mas há também outro caso: esse famoso poder não oficial às vezes cai simplesmente nas mãos das crianças, que impõem aos pais “compreensivos” suas escolhas e sua maneira de ver o mundo.

A arte de decidir juntos

Toda comunidade, seja ela conjugal, nacional ou internacional, exige regulamentação das tomadas de decisão e, portanto, a existência de um “poder”. Ao nível de uma nação, vemos com clareza os diferentes poderes se confrontarem: os governantes, a mídia, os sindicatos, os bancos, o público, os grupos de pressão e assim por diante. No nível do casal, muitas vezes também acontece uma luta pelo poder, que pode também conduzir a brigas quando os dois tem personalidades fortes e não querem se deixar dominar. O início da vida conjugal é frequentemente difícil porque cada um deseja deixar sua marca, delimitar seu território e não se deixar levar pelo outro. Além disso, alguns cônjuges possuem uma “arte sutil” de controlar o outro ou, pelo contrário, de se deixarem acorrentar. O que dizer da habilidade da esposa que sabe, no momento oportuno, derramar uma lágrima culpabilizante ou fazer uma “doce” chantagem de amor – “se você me amasse, você faria o que eu te peço” – para obter tudo que o seu coração anseia.E o que dizer também, da inércia de alguns maridos, fechados aos apelos de suas esposas a dar mais carinho, a ser mais responsável no seio da família, a viver melhor a sua espiritualidade!

A forma de superar essas lutas é estar plenamente consciente delas. Por meio do diálogo, sem julgamento, os cônjuges podem tentar identificar as diferentes áreas onde um tem poder, onde o outro se sente negado ou até esmagado. É comum ouvir de um casal em crise que um dos cônjuges censura o outro o tempo todo, e mesmo depois de anos de vida juntos, não deixar que o outro seja livre, exista e se expresse como ele é. Então, é importante que todos renunciem à tentação da “fusão” (perder a sua personalidade em vistas da criação de uma personalidade “casal”), que se realiza inevitavelmente em detrimento da personalidade de um dos dois. Amar a si mesmo é ser apenas um e ser dois ao mesmo tempo. É preciso renunciar também à tentação da onipotência, esse sentimento que remonta à infância e que procura nada mais que se aproveitar das disposições amorosas do outro para o dominar. No início da vida de um casal, o homem é capaz de fazer ml e um caprichos pela amada, mas se ela abusa do seu poder, o homem acaba ficando cansado.

Comandamos o outro quando o servimos

“A força desarmada é a mais poderosa do mundo”, disse Martin Luther King. Um provérbio egípcio afirma que “a mulher é duplamente apegada se a corrente é boa”, e um humorista acrescentou: “especialmente se os elos dessa corrente são pedras preciosas”. Ao renunciar a um machismo obsoleto assim como a um feminismo escondido, o casal deixa que o amor seja o juiz das divergências entre os pontos de vista. Cada cônjuge tem o direito de expressar os seus desejos, evitando, contudo, usar as suas habilidades para dar ordens. Pelo contrário, é importante buscar encontrar soluções sem chantagem, privilegiando o amor. Também é indispensável que todos os membros de uma família, incluindo as crianças, tenham seu próprio tempo livre, onde possam reconstruir e florescer, e depois compartilhar suas experiências.

Finalmente, é bom procurarmos imitar a maneira como Deus faz as coisas em seu relacionamento com os homens. De fato, aquele que é o Todo-Poderoso estabeleceu com os homens um relacionamento de Aliança e não de dominância. Seu Filho veio à Terra e, em sua incrível encarnação, colocou-se no mesmo nível dos homens: “Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.” (Filipenses 2, 5-8). Que nós, em nossa família, imitemos essa louca humildade divina que nos faz atentos às necessidades e desejos dos outros, que nos leva a buscar as soluções mais felizes para atender às expectativas de cada um e ao bem comum da família.

Padre Denis Sonet

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