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“O.B.D.S.”: quatro letras que todas as crianças devem saber

Child; Mother; Scream; Obedience

© fizkes

Edifa - publicado em 06/11/19

Não, não é uma nova organização internacional. Se você soletrar o acrónimo « O.B.D.S. », você lê a palavra « obedece » (esta palavra que repetimos tantas vezes aos nossos filhos). Mas porque queremos que sejam tão obedientes? E por que isso é particularmente importante em termos de educação para a Fé?

Se a criança deve aprender a obediência, não é principalmente por razões utilitárias. Estas razões existem e são justas. É normal exigir que uma criança não brinque com produtos perigosos ou tenha cuidado ao atravessar a rua. Além disso, um mínimo de obediência é essencial para uma vida familiar pacífica. “Crianças reis, pais martirizados”, é o que se costuma dizer. Todos sabemos que isso é verdade. As crianças que decidem não obedecer, não querem comer, não querem se lavar, não querem dormir, não querem arrumar as coisas, fazem da vida um inferno para os que as rodeiam. A criança desobediente acaba por esgotar a paciência dos pais, e os gritos, e até mesmo as sanções excessivas, ocorrem quase inevitavelmente, fazendo que todos, pais e filhos, fiquem amargos e irritados. Mas o que é a obediência, a verdadeira obediência?

A obediência, a condição da liberdade

Todos dependemos necessariamente de alguém ou de alguma coisa. Só Deus não está submetido a nada nem a ninguém. A nossa liberdade é obedecer a maior do que nós mesmos. A nossa liberdade é obedecer a Deus. Quanto mais se cumpre em nós a vontade do Pai, mais livres e alegres somos. Mas Deus não se dirige diretamente a nós para indicar Sua vontade. Passa por intermediários como os pais, entre outros. É de Deus que temos toda a autoridade parental. É por isso que não podemos exercer esta autoridade de qualquer forma. Não podemos esquecer que é uma missão que nos foi confiada.

Mas cuidado para não confundir autoridade com poder. O que faz que uma ordem seja justa e legítima não é o poder que temos para a sua aplicação, mas a autoridade que nos permite dá-la. A autoridade pode ter certos poderes: o poder de castigar, por exemplo, ou de impor coerção através da força física (ao agarrar uma criança pela mão, ela pode ser impedida de atravessar a rua). Mas estes poderes são consequência da autoridade e não o contrário. Se os filhos devem obedecer aos pais, não é porque são mais fortes, mais inteligentes ou mais astutos do que eles, mas porque têm autoridade de Deus. Ou, se possuímos certos poderes por causa de nossa superioridade física ou intelectual, só podemos legitimamente usá-los servindo a um justo exercício de autoridade.

Como ensinar a obediência a uma criança?

Não há receita mágica. Mas a reflexão e ainda mais a experiência de muitos pais nos permitem identificar certos princípios. É importante limitar o número de ordens e proibições. Não podemos exigir tudo ao mesmo tempo. É melhor exigir apenas algumas coisas com firmeza do que apresentar dezenas delas, sobre as quais acabamos inevitavelmente por ceder, porque são muitas e não são suficientemente precisas. É também necessário saber como adaptar as exigências às capacidades da criança. Isso requer um bom conhecimento da criança, uma verdadeira atenção ao que ela é, e uma paciência infalível. Às vezes é difícil para nós aceitar os limites de nossos filhos – gostaríamos que fossem perfeitos -, mas é Deus quem nos chama à perfeição, é Ele quem nos faz perfeitos e, por isso, não nos pressiona. Ele nos pede para dar pequenos passos, sem se irritar pela nossa lentidão nem mesmo pelos nossos retrocessos. Ele nunca perde a confiança em nós. Deus, Pai, ensina-nos paciência e serenidade. Não o descuido superficial que nos faria ignorar os limites e defeitos de nossos filhos, mas a paz que vem da certeza de que somos unicamente instrumentos na mão de um Pai que é muito mais clarividente e amante que nós.

Uma vez que foi emitida uma ordem, você deve permanecer firme e exigir ser obedecido. Se a criança souber que os pais nunca cedem, acabará por obedecer. Enquanto se ele tem certeza de alcançar seus objetivos através da raiva ou da resistência passiva, ele vai tentar fazer todo o possível para vencer. É por isso que é tão importante não ordenar erradamente. É antes de exigir que você deve pensar, depois já é demasiado tarde. Outra coisa importante: não contradiga uma ordem dada pelo outro pai, mesmo que pareça questionável. A criança tem uma necessidade profunda de coerência e é essencial que não esteja dividida entre os pais. Discussões sérias entre esposos sobre a educação dos filhos podem existir, mas nunca na frente das crianças.

Dar o exemplo obedecendo também

Vários meios podem ser usados para forçar uma criança a obedecer, mas há um que nunca é legítimo (ou inteligente), é a mentira. O seu principal efeito é destruir a confiança da criança que perceberá o engano posteriormente. Mais profundamente, fazer que as pessoas obedeçam implica que nós entendemos como devemos obedecer, que sabemos como ser dependentes de Deus (não como escravos, mas como filhos) e que buscamos a Sua vontade para que ela se cumpra em nós. Não é necessário olhar muito longe: é em cada momento, através dos mais pequenos acontecimentos da nossa vida quotidiana, que Deus nos chama. Ele nos convida à obediência, condição de nossa liberdade e alegria.

Christine Ponsard

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