“Quando um homem e uma mulher se casam, eles se tornam um, a dificuldade é decidir qual deles”, disse o escritor americano Henry Louis Mencken. O amor nos leva a fazer tudo pelo outro, mas é necessário, antes de se casar, conhecer suas necessidades, fraquezas, forças, qualidades e defeitos
As diferenças podem ser uma fonte de riqueza, mas também um problema. O diálogo durante o noivado deve, portanto, entrar nos mais ínfimos detalhes, nessas “pequenas contingências” que às vezes consideramos com um toque de desprezo – “o amor ultrapassa isso!”, e que se tornam obstáculos com o tempo, sintomas de profunda dissidência. Perguntas não resolvidas podem esconder ninhos de víboras para amanhã. Aqui apresentamos alguns exemplos de perguntas para se fazer, cada um sozinho ou juntos.
Conhecer o outro e se conhecer a si mesmo
Estou confortável com os amigos do outro? Posso compartilhar suas paixões (como o esporte radical ou o mergulho profundo…)? Ele pode compartir as minhas? É sempre ele que tem satisfação em caso de discussão? Posso tolerar isto toda a minha vida? Podemos suportar ter opiniões políticas opostas? Podemos falar sobre isto juntos?
Os seus passatempos ultrapassam os nossos recursos? Estamos de acordo quanto ao nosso futuro nível de vida? Temos alguma ideia de quantas crianças gostaríamos de ter? O carácter dele incomoda-me? Estou desconfortável com o comportamento dele na sociedade? E quanto a ele fumar, beber? Do seu humor melancólico ou deprimido? Do seu sentido de humor?
Depende demasiado dos seus pais? Acaso, acho satisfatória a forma como trata dos seus problemas pessoais? Quais são as diferenças entre os nossos respectivos valores? Entre nossas concepções de matrimônio, de Fé e sua prática, de educação religiosa de nossos futuros filhos? Há algum ponto em que essas diferenças possam levar a conflitos? Tendemos a evitar tais questões? Sou realmente capaz de “deixar o meu pai e a minha mãe” para me ligar ao meu marido? E ele? Carece de ternura ou sensibilidade?
Aceitar que a outra pessoa não é como nós sonhámos
Não se esqueça de uma coisa: a vida de casal é muito bonita, mas difícil. Ela se confronta sempre com a alteridade, o fato de que o outro é diferente, que ele não sou eu. E neste sonho tolo de unidade total – faremos tudo juntos, iremos à missa juntos, a Dia juntos… – a fusão… impossível! Será que podemos aceitar que o outro não é como sonhámos que seria? Se for assim, podemos amar-nos um ao outro!
Padre Denis Sonet