Na última página do último caderno que escreveu, Santa Teresa do Menino Jesus fez uma observação que não deve passar despercebida. Esta observação é tanto mais preciosa quanto Irmã Therese, no final de sua força, tira-a das profundezas de sua energia. Ela acaba de dizer que está pedindo a Jesus que a atraia para o seu amor, como as limalhas de ferro são atraídas pelo ímã. Depois, meditando sobre o evangelho de Marta e Maria, admirava a atitude de Maria aos pés do Senhor, que “escutava a sua doce e ardente palavra”.
Therese notes: “(Isto), todos os santos o compreenderam e mais particularmente talvez aqueles que encheram o universo da iluminação da doutrina evangélica. Não é na oração que São Paulo, Agostinho, João da Cruz, Tomás de Aquino, Francisco, Domingos e tantos outros ilustres amigos de Deus, desenharam esta ciência divina que deleita os maiores gênios? Foi a oração que lhes permitiu fazer grandes coisas.
A solução para o sucesso de grandes projetos é…
“O Todo-Poderoso deu apoio: Ele mesmo e só Ele, enfatiza Santa Teresa de Lisieux. Para alavancar, Ele deu a oração, que se acende com amor. E é assim que podemos levantar o mundo. É assim que os santos que ainda são militantes o levantam e como, até o fim do mundo, os santos que virão também o levantarão. ”
Mas como é que estes grandes projectos podem ser levados a cabo? Santa Teresa dá a chave do sucesso: é preciso confiar na oração! Em outras palavras, quanto mais você quer fazer, mais você tem que mergulhar no que lhe dará a impressão de não fazer nada: rezar. Quanto mais você quer agir, mais você tem que se apoiar em Deus. Quanto mais você está com pressa, mais urgente é passar um tempo com o Senhor.
O fervor dá à oração o seu sabor
Mas cuidado para não esquecer de rezar com fervor! Quem reza fervorosamente, além da felicidade que tem em passar um momento com “Aquele que nos ama”, experimenta que sem Ele nada pode fazer, porque dele tira a sua força. Aprende, em silêncio, que é inútil governar o mundo ou construir grandes projetos, se não teve tempo de confiar naquele sem o qual nada é possível.
Muitas vezes, o que falta para aqueles que embarcam em grandes projetos é fervor na oração e perseverança na ação. Porque o fervor dá à oração a intensidade sem a qual ela corre o risco de se tornar uma obrigação sem gosto, uma rotina sem alma ou, pior ainda, um tempo morto. O fervor dá coração à oração. Faz da oração um sopro indispensável, um ato de fé, um momento de felicidade. Sem ela, há um alto risco de abandonar a oração porque ninguém gosta de se preocupar em rezar, ninguém quer perder seu tempo. O fervor é um dos rostos do amor que temos pelo Senhor. É ela que nos impele a contemplá-lo na oração, a adorá-lo e a confiar n’Ele, para que Ele nos mostre a Sua vontade.
Na oração, grandes ideias amadurecem
Da oração nasce a coragem de enfrentar os perigos e de enfrentar o futuro, que é sempre incerto. Santa Teresa queria mudar o mundo e o fez melhor que os outros. Ela não fez um grande discurso sobre a necessidade de mudança estrutural. Ela não convocou uma comissão para considerar o que faríamos se fizéssemos alguma coisa. Ela mergulhou no coração do Senhor, na parte mais profunda. Ela respondeu ao seu amor. Ela O amava. Nas pequenas coisas da sua vida quotidiana, ela colocou todo o seu amor nele, aquele amor do qual retirou força através da oração. Ela pôs igual fervor em rezar ao Senhor e amar as suas irmãs.
Este é o caminho que nos mostra. Não o pode deixar. Conduzindo muito rápido, você corre o risco de perder a encruzilhada e perder sua vida sem realizar os sonhos de sua juventude. Uma coisa para pedir ao Senhor: fervor na oração. O resto é dado em adição.
Frei Alain Quilici