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Acha que a oração contemplativa não é para você? Tente isto

KOBIETA PATRZY W OKNO

Luke Stackpoole/Unsplash | CC0

Edifa - publicado em 13/01/20

Ao rezar fielmente, chegará, um dia ou outro, a um limite, o limite da oração interior. E isto é o que você deve fazer para alcançar este "novo mundo" e entrar em contemplação

Para muitos, a contemplação é um continente inexplorado, sem embargo pressentido, às vezes até mesmo entrevisto. Uma vida após a morte que muitas vezes desperta mais medo do que desejo. Já ouvimos falar disso, mas não nos imaginamos a ir lá pessoalmente. Admiramos o testemunho dos místicos: os grandes clássicos (Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz…), outros mais próximos e mais populares (São Padre Pio ou Marthe Robin), mas não os queremos imitar. É verdade que eles são inimitáveis. Se os mestres espirituais escrevem, não é para ser imitado, mas para ser seguido. A história de uma alma é sempre inédita. Não há dois caminhos iguais. Mas todos temos um caminho a seguir. Este é o problema: demasiados cristãos bem-intencionados ficarão a meio caminho.

Permanecer em Cristo, como Ele permanece em nós

Eu gosto de comparar a nossa oração habitual com uma procissão através das praças da igreja. É lindo, é necessário. Mas será que vamos passar o limiar? Ousaremos entrar no Santo dos Santos? A nossa oração gira em torno do mistério. Ela se aproxima e ao mesmo tempo se desvia dela. Será que pode ir mais longe? Com Moisés, se aventurar na nuvem da sombra e da luz, com Elias, se aventurar no silêncio da Presença. É o momento em que as palavras são silenciosas, o fluxo dos pensamentos é suspenso, a alma está em paz e em silêncio “como uma criança no seio materno” (Sl 130,2).

Uma ideia traduz isto. Surge pelo menos 39 vezes no evangelho de São João. É a ideia de “permanecer”, de “estar em”. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada.” (Jo 14,23). “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós.” (Jo 15,4). “Eu vivo, mas já não sou eu; éCristo que vive em mim.” (Gl 2,20). O contrário também é verdade; aprendo a viver Nele: “Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos.” (Fil 2,2).

Contemplar ése transformar

Cuidado! Esta convergência, que tende a coincidir, não é de fusão. Fusão é confusão. O autêntico misticismo éalgo da ordem da comunhão. Não é a mesma coisa! Isto é o que distingue a contemplação cristã da “meditação” em voga na Nova Era. Um ponto típico desta religiosidade mais ou menos oriental é a tentativa de superar a alteridade, considerada como um estado de consciência inferior (dualista). Às vezes é o “eu” que tem de se dissolver no Todo (tal como a boneca de sal se dissolve no oceano), às vezes é a divindade que tem de ser identificada como o “eu” profundo. Em ambos os casos, a oração não é mais coração a coração. O diálogo se torna um solilóquio. O caminho não leva a nada nem a ninguém.

Ao contrário do que muitas vezes ouvimos, não é no esvaziamento da nossa mente que entramos numa oração profunda. Pelo contrário, é abastecendo. Portanto, não confundamos yoga com contemplação!

Maria “guardava todas estas coisas no seu coração”, uma imagem perfeita da Igreja em oração. Façamos como ela fez. Recordemos uma característica do rosto do Senhor, uma de suas palavras, um de seus mistérios, e permaneçamos em sua presença por um longo tempo. Às vezes numa contemplação conseguida, se ligando ao Senhor fielmente, laboriosamente, e até dolorosamente. Às vezes, numa contemplação infusa, nos deixando levar pela sua santa presença. Enquanto isso, em segredo, o Espírito agirá. Nos tornaremos outra pessoa!

Padre Alain Bandelier

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