As histórias são essenciais para a construção da identidade das crianças. E elas têm também um lugar importante no despertar da fé. Como saber escolher livros que ajudem os seus filhos a crescer na intimidade com Deus?
Todas as crianças amam histórias e nenhuma televisão no mundo substituirá a alegria de escutar uma história, aconchegado nos braços do papai ou da mamãe, sobretudo à noite antes de dormir.
Muito mais do que um simples prazer, as histórias são uma ferramenta pedagógica que permitem às crianças crescer e se construir. Aqui estão alguns tipos de histórias que ajudam as crianças a se tornarem bons cristãos.
Histórias não explicitamente religiosas
Algumas dessas histórias abrem a criança aos valores evangélicos: amor, gentileza, perdão, partilha, perseverança, etc. Mas essas histórias por si só não despertam a criança para a fé. Se o despertar da fé está ligado ao despertar para a vida em geral, então é preciso falar de Deus se concentrando também nas suas pedras fundantes.
A vida dos santos – e de outros amigos de Deus não canonizados
O interesse pela vida dos santos deve ser duplo, pelo fato deles serem exemplos e amigos nossos. Eles não são modelos a imitar – eu não quero me tornar uma outra Santa Clara ou Santa Teresa, mas uma santa única no mundo. Os santos são para nós testemunhas do amor de Deus e nos mostram as múltiplas faces da Igreja.
Lendo a vida dos santos, podemos descobrir quanto Deus tem um projeto de amor único para cada pessoa. Ele nos ama e nos respeita do jeito que nós somos, da forma como ele nos criou. A vida dos santos nos ensina também quanto estamos próximos, quanto somos irmãos. Ainda que tenhamos diferenças de caráter, estilo de vida, espiritualidade, somos todos da mesma família: a família de Deus.
Os santos, portanto, não são apenas personagens do passado, eles são também amigos, irmãos. Mesmo se não os vemos, eles estão lá para nos ajudar a caminhar como eles em direção a Jesus. É por isso que é importante escolher não santos que nos parecem mais edificantes, mas aqueles que agradam mais aos nossos filhos, aqueles por quem eles têm uma simpatia especial.
E quando contarmos a vida de um santo (ilustrações são muito importantes), temos que ter cuidado para não torná-los um tipo de super-homem inacessível. Devemos nos concentrar sobre os pequenos detalhes que dão a eles uma personalidade bem humana, encarnada, na dimensão de “pecador que se arrependeu”.
A Bíblia, o livro entre os livros
A Bíblia não é um livro como outro qualquer, porque ela contém verdadeiramente a Palavra de Deus, inspirada e vivificada hoje pelo Espírito Santo. Portanto, não devemos lê-la ou contar suas histórias como qualquer outra obra. É nas Santas Escrituras que a Igreja encontra, sem sessar, o seu alimento e sua força.
Numerosas obras como “Bíblias Ilustradas”, “Histórias de Jesus” e outras adaptações da Bíblia são publicadas a cada ano. Podemos dizer que entre os muitos títulos existentes, existem os bons e os ruins, sendo os piores, é claro, os textos que dão à Palavra de Deus uma interpretação totalmente oposta à Tradição da Igreja (negando, por exemplo, a Ressurreição ou vendo a Bíblia apenas como um símbolo, sem nenhuma verdade histórica).
Ao comprar uma Bíblia ou um Evangelho ilustrado, é necessário, portanto, ter muita atenção, não apenas quanto à qualidade das imagens (que não devem ser colocadas em segundo plano, especialmente na idade em que a criança ainda não sabe ler), mas também quanto ao texto, sendo o mais próximo possível do texto original.
Christine Ponsard