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Quando um filho tem uma doença incurável os irmãos podem ficar esquecidos

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© Photographee.eu

Edifa - publicado em 28/02/20

A doença grave de uma criança meche com toda a família, principalmente quando sabemos que não haverá cura. No coração desse drama familiar, os irmãos e irmãs, que estão entre os primeiros afetados, geralmente se sentem colocados de lado. É preciso ter atenção pois esse sentimento de exclusão pode gerar muitas feridas e tensões na própria casa.

As primeiras perguntas que surgem quando uma doença grave afeta uma criança são as seguintes: Devemos dizer a verdade? Primeiro para a criança doente e depois para seus irmãos e irmãs? A profissão médica incentiva os pais a dizerem a verdade, escolhendo suas palavras de acordo com a idade de cada um de seus filhos. Na família de Elisabete e Christiano, os seis irmãos e irmãs de Cecília tinham entre 19 e 2 anos quando ela adoeceu. “Eles ouviram nossos telefonemas, então era melhor conversar sobre isso“, diz Christiano. “Sempre dissemos a verdade aos três grandes que tinham 19, 18 e 16 anos na época. Quando não havia mais esperança de salvar Cecília, conversamos com eles. Para os pequenos, conversamos sobre a gravidade da doença também, mas não com as mesmas palavras, sem mencionar o que poderia acontecer”. A segunda filha, Helena, confirma: “É melhor saber. Se somos colocados de lado, pensamos imediatamente que não somos dignos de confiança. Apesar de tudo, temos uma intuição sobre o que se passa e imaginamos muitas coisas”.

A mãe de Audrey, Liliane, acrescenta: “Diga a verdade, sim, mas sempre com esperança. Quando nossa filha mais velha Aline (9 anos) nos perguntou se tínhamos confiança na cura de Audrey, dissemos que sim porque, cristianicamente, acreditamos em milagres e vivemos na esperança”. Uma outra pessoa pode também bem intervir para conversar com as crianças, como um médico ou alguém em quem as crianças têm grande confiança. Jerônimo e Liliane confiaram esse papel a um padre. “Ele é muito próximo da nossa família e foi ele quem falou com os dois mais velhos sobre a gravidade da doença“. Quanto a Américo e Gwen, irmão e irmã mais velhos de Marie, respectivamente com 10 e 8 anos, seus pais conversaram muito sobre a doença de sua irmã, mas nunca disseram que ela iria morrer.

O sofrimento dos irmãos

O período da doença é um período muito doloroso e difícil para os irmãos e irmãs. Os pais estão tristes, preocupados, pouco disponíveis, passam muito tempo no hospital, e é normal que os filhos também fiquem tristes. Uma atmosfera pesada pode então encher a casa. Ninguém ousa falar muito e todo mundo fica com suas perguntas para si. Como podemos impedir então que as crianças se sintam negligenciadas?

Na ausência de um dos pais, geralmente é a mãe que fica no hospital perto da criança doente, e isso pode ser muito perturbador para os outros filhos. Cabe então ao outro pai balancear a situação e, por isso, ele deve iniciar um diálogo com os filhos, com muita disponibilidade e escuta. Uma noite, durante a oração, no período em que Marie estava doente, Gwen e Américo explodiram: “Precisamos cuidar daquele que está mais necessitado!”. O pai deles então pegou sua Bíblia e leu o Evangelho da ovelha perdida para eles e disse: “quando uma pessoa está em mal ou perdida, o pastor deixa tudo por ela” (Lc 15, 4-6). As crianças ficaram muito apaziguadas com esta leitura.

A vida continua, e às vezes é difícil para as crianças não se culparem por rir e se divertir. Thomas de 17 anos, admite se sentir culpado porque continuou a viver enquanto sua irmã mais nova, Cecília sofria no hospital. Algumas crianças, mesmo quando ainda são pequenas, se colocam contra a outra que monopoliza o carinho de seus pais. Mas não os culpe. Eles expressam a necessidade normal de qualquer criança de ter a presença de seus pais. Tudo deve ser feito para que eles não se sintam culpados. Algum tempo após a morte de sua irmã, Gwen foi capaz de admitir: “Quando penso que às vezes quase queria que minha irmã morresse e que tudo isso acabasse…“. Sua mãe respondeu: “Eu também. Foi muito difícil para ela e para nós”.

Il faut responsabiliser chaque frère et sœur et le faire participer d’une façon ou d’une autre aux soins du malade. « J’étais malade, et vous m’avez visité » (Mt 25, 36). Ainsi, cette difficile épreuve sera vécue par tous les membres de la famille, sans que personne ne soit exclu.

Cada irmão e irmã deve ser responsabilizado e obrigado a participar de uma maneira ou de outra nos cuidados do paciente. “Eu estava doente, e cuidaram de mim” (Mt 25, 36). Assim, essa difícil provação será vivida por todos os membros da família, sem que ninguém seja excluído.

Florence Brière-Loth

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