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Aposentadoria: cuidado com a depressão

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© fizkes

Edifa - publicado em 10/03/20

Em uma sociedade obcecada por desempenho e eficiência, o fim da vida profissional é experimentado por muitos como ser colocado de lado, até como uma pequena morte. Como superar a humilhação de se sentir inútil e improdutivo quando você doou tanto ao seu trabalho?

A transição para a aposentadoria, independentemente da idade, é um passo importante. A página da vida ativa muda. A nova vida inclui muitas possibilidades, mas especialmente estranhos que às vezes podem assustar ou até levar à depressão. Portanto, é importante voltar-se para o seu interior, para não ficar deprimido.

Viver o luto para poder avançar

Você precisa se perguntar: como ainda posso preencher minha vida? O que devo fazer para torná-la ainda mais significativa? Explica a psicóloga Geneviève de Taisne em seu livro A alegria dos avós (em tradução livre).

Ela afirma ainda: “Para conseguir isso, você tem que aceitar fazer uma passagem que está na ordem do luto: luto por ser pai, luto por certas atividades, luto por esperar que a sociedade lhe dê sua identidade, seu ser, o sentido da sua vida. Em uma certa idade, precisamos dar a nós mesmos razoes para viver”.

O luto é, portanto, obrigatório. Você tem que morrer para renascer. “Não demorei muito para me encontrar no chão”, reconhece Francisco, finalmente apaziguado após dois anos de grave depressão.

Felizmente, Solange, minha esposa, estava lá e me ajudou a deixar o passado para trás e olhar com calma para o futuro. Mais do que nunca, o cônjuge vulnerável precisa do apoio e da atenção do outro. Mais um motivo para preparar este período para dois, para não esperar para ficar aos pés da aposentadoria para discutir juntos e compartilhar projetos.

Encontre novas atividades

“Ainda tenho tempo para dar”, disse Robert, que em breve estará se aposentando. O prazo está se aproximando, ele tem alguns projetos em mente e uma certeza: “Não há como ficar sentado em casa, eu preciso de ação!” Ao seu lado, sua esposa concorda e sorri: “Nós concordamos com isso: todo mundo tem seu espaço vital!”.

Não há mais preocupações profissionais e imperativos familiares, o casal de aposentados pode finalmente gozar da liberdade merecida. Cada casal tem sua própria maneira de receber essa nova liberdade.

Alguns experimentam uma espécie de egoísmo para dois, outros veem este tempo como uma oportunidade de se abrirem juntos para uma nova existência. Às vezes, é necessário acomodar um tempo flutuante, onde cada um marcam um ritmo antes de recomeçarem a caminhar juntos.

“O gosto e o caráter de cada um entra em cena”, alerta Laura, que vive com o marido uma aposentadoria com mais independência do que ela imaginara. Eu rapidamente entendi que não seria capaz de envolver Bernardo em meus projetos. Ele se forçou uma ou duas vezes a me agradar, mas assim que abri a gaiola, o pássaro voou para longe!”, ela lamenta, um pouco nostálgica.

Bernardo lançou-se de corpo e alma em uma associação para ajudar prisioneiros e se dedicou a essa atividade com uma paixão da qual sua esposa se sentia um pouco excluída.

O que vamos fazer na aposentadoria? Cada casal deve se perguntar e pensar juntos antes de começar. Cuidado com o perigo de querer fazer demais e sair em todas as direções. Cuidado também em não sair mais de casa, e por medo de ser devorado por muitos compromissos, não fazer mais nada!

Dedique-se à sua família

Durante a aposentadoria, muitos avós se dedicam aos netos: à noite, às quartas-feiras, nos fins de semana ou durante as férias escolares. Essa intergeração cria conexões. Monique e Gui dedicam todo o seu tempo à sua tribo: cinco filhos, dez netos e os pais de Gui na mesma cidade, todas essas pessoas se ajudam e se cruzam.

No entanto, nem sempre é fácil lidar com as gerações e dar tempo a cada uma: “Na segunda-feira, reunimos os primos para almoçar, para que eles se conheçam melhor”, explica Gui, sempre saindo para uma escapada de bicicleta com quem quiser segui-lo.

Este avô confidencia: “Estabelecemos a ligação entre os serviços prestados aos pais e a presença de nossos filhos e netos, temos um papel fundamental. Somos realmente privilegiados!”

O aumento da expectativa de vida também tem seu lado negativo: quando, ao mesmo tempo, o casal deve receber um pai idoso sob seu teto, ouvir o neto adolescente ou ajudar a mãe oprimida, ele se vê sobrecarregado por uma pesada responsabilidade.

“Não temos um momento para nós mesmos”, reconhece Gislaine, literalmente devorada por sua família. Com uma filha divorciada, seu pai em um hospital no outro extremo da cidade – ela corre de um para o outro, felizmente sustentada pelo marido.

“Não é fácil, nessas condições, tirar proveito dessa tão esperada aposentadoria! Mas uma coisa é certa: a aposentadoria pode ser um fator de equilíbrio para todas as gerações.

Depois da ação, chega a hora da interioridade

Na aposentadoria, a dimensão religiosa sufocada por um ritmo de vida severo também renasce. Alguns casais investem em paróquias: animação litúrgica, catecismo, grupos de oração. Eles também devolvem à oração um lugar que a vida familiar e as restrições profissionais foram capazes de ofuscar.

“Estamos mais disponíveis em nossa vida de fé”, confessam Louis e Magali, que se reúnem todos os dias durante um tempo de oração conjugal e planejam caminhar juntos em peregrinação a Jerusalém. Os anos se passaram, o ser espiritual cresce.

Os hobbies podem trazer alegria, mas nem sempre eles satisfazem o “mais” que caracteriza a transcendência da pessoa humana. Na terceira idade, esse apetite espiritual aumenta.

Agradecer juntos por sua família, louvar a Deus por todo o caminho percorrido e colocar a seus pés conflitos e preocupações. Que testemunho mais bonito de amor conjugal para as jovens gerações do que um casal unido em oração e ação de graças? Uma vida de casados centrada no Evangelho tem uma orientação e uma serenidade que tocam.

O mestre desta vida renovada é o Espírito Santo. É Ele quem purifica, é Ele quem santifica, é Ele quem dá o verdadeiro diálogo aos cônjuges. “A aposentadoria é como a água de um rio que flui para o mar. Pouco a pouco, ela decanta e se torna mais transparente”, conclui Luís.

Pascale Albier

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