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Meditação pascoal: deixe-se surpreender por Jesus Cristo Ressuscitado

MODLITWA
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Edifa - publicado em 08/04/20
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“Ele ressuscitou no terceiro dia” (1 Cor 15,4). Vamos tentar recuperar o acontecimento da Ressurreição de Cristo, através daqueles que foram as primeiras testemunhas, para compreender melhor a mensagem que o Senhor Jesus está nos dirigindo hoje

Comemoramos os aniversários dos acontecimentos fundadores de nossas famílias (casamentos, nascimentos) e fazemos o mesmo com a fundação de nossa fé, a Ressurreição de Cristo, na Páscoa e inclusive todos os domingos, em todas as missas.

Assim, da mesma maneira que nós gostamos nesses aniversários de família folhear juntos um álbum de fotos ( ver nele as lembranças de um casamento ou um nascimento), quando abrimos o Evangelho, encontramos o nosso Senhor Jesus Cristo no frescor da Páscoa junto com Maria Madalena, junto com Pedro, João e os discípulos de Emaús. Vamos caminhar com seus sentimentos e ser surpreendidos, como eles, pelo Cristo Ressuscitado.

Encontrar Jesus Cristo Ressuscitado com Maria Madalena

Maria Madalena vai chorar no túmulo de quem ela amava e quem, é claro, acreditava estar morto, depois de ser testemunha diante da cruz. São Gregório Magno viu na sua obstinação de ir em direção à Cristo, mesmo depois que ele estava morto, um modelo para todos. Mesmo quando nossa fé está no “escuro” e Cristo está morto para nós, continuemos a nos aproximar à ele e amá-lo com todas as nossas forças.

Mas o túmulo está aberto e vazio! Maria não entende nada, ela acredita que alguém pegou o corpo de Cristo e levou ele para algum lugar. Ela dirá isso aos apóstolos e depois voltará ao túmulo, aos anjos e ao próprio Jesus Cristo, a quem ela se confundirá. Por que não reconhece quem continuou aos pés da cruz?

É fácil para nós conceber a idéia da Ressurreição de Cristo, pois a Igreja à proclama desde faz dois mil anos, mas vamos entender que para ela foi a primeira vez que ela tinha experiência com algo assim e era totalmente inimaginável. Os mortos não ressuscitam. É verdade que Lázaro voltou à vida, graças a Jesus, o único que podia fazê-lo, e agora Jesus está morto!

E é então o próprio Jesus que chama ela suavemente pelo seu nome: “Maria”. Nem tambores, nem trombetas, nem a chegada chocante surgindo sobre as nuvens, como o do Filho do homem anunciado por Daniel (7,13).

Quanta discrição nesta primeira aparição após a sua vitória sobre a morte! E é pela voz, o órgão da fé (“A fé, portanto, nasce da pregação e a pregação é feita em virtude da Palavra de Cristo”, Romanos 10, 17), que Maria reconhece. Assim que Maria se vira, ou seja, ela se transforma (etimologicamente são a mesma palavra), ela grita seu amor: “Raboní!” E Jesus responde: “Não me retenha, porque ainda não subi ao Pai”.

Ele a faz se desapegar de sua afeição pelo homem que ela conheceu antes da Paixão para aprender a conhecer o Senhor. E Jesus acrescenta: “Diga aos meus irmãos: ‘Vou para cima junto ao meu Pai, o Pai de vocês; meu Deus, o Deus de vocês'”.

Jesus Cristo ressuscitado vem ao nosso encontro para confiar-nos uma missão: sermos suas testemunhas. A Ressurreição é o centro da História, mas não é o último ato, e, como Deus é seu autor, oferece-nos a possibilidade de proclamar o seu anúncio e o que isso significa para todos: a possível vitória sobre o mal e a morte, a esperança da vida e da bondade eternas.

Encontrar o Cristo Ressuscitado com São João e São Pedro

Corremos junto com João para o túmulo. Ele vê as telas e acredita. De fato, seus olhos só vêem as telas e uma mortalha, vazias, mas seu coração compreende: Cristo não está mais no túmulo, ele está vivo. Quanto a Pedro, o Evangelho de São João não especifica sua reação no túmulo nem seu caminho pessoal no reconhecimento da Ressurreição.

Mas, além do que São Lucas escreve, que Jesus Cristo lhe apareceu na Páscoa, temos algo melhor: seu próprio testemunho no Pentecostes (Hb 2: 14-36). Pedro foi o primeiro que descobriu, à luz do seu encontro com o Ressuscitado, aquilo que proclama nesse dia: o plano de Deus para a salvação dos homens através da História, culminando na ressurreição daquele que foi pregado na cruz .

Além disso, os Evangelhos da Ressurreição especificam a missão de Pedro (e, portanto, dos seus sucessores). Maria Madalena vai correndo até ele quando vê o túmulo vazio (Jo 20,1-2) e João, o discípulo amado, sai diante dele na entrada do túmulo (Jo 20,3-10): a Igreja do amor reconhece sua primazia. Mais tarde, nas margens do lago da Galiléia, Jesus Ressuscitado confirma e especifica sua missão como pastor e especifica seu papel para toda a Igreja: “Leva a pastar minhas ovelhas” (Jo 21,15-19).

Encontrar o Cristo Ressuscitado com os discípulos de Emaús

Mais uma vez, é Jesus quem toma a iniciativa no caminho. Ele vai caminhar junto com dois homens tristes pelo drama do Calvário. Eles também não o reconhecem, embora o conhecessem bem antes de sua morte, como acontece frequentemente quando não o reconhecemos quando Ele caminha conosco ao nosso lado na vida. Esse trajeto até Emaús é importante para entender o papel da Palavra de Deus no encontro com Jesus.

O que Ele diz à eles durante o trajeto sobre Ele mesmo é muito diferente do que um jornalista diria quando ressurgisse extraordinariamente do mais profundo da morte. Dá à eles, a partir da Escritura, o significado do que Ele viveu. É a fé em Cristo Ressuscitado que abre a inteligência da Escritura para nós, e não o contrário, mas, em troca, entendemos melhor o que Sua Ressurreição significa para nós quando nos alimentamos da Palavra de Deus.

Quando chegaram em Emaús, Jesus se senta à mesa com os dois discípulos. E é então, quando “ele pegou o pão e pronunciou a bênção; depois ele quebrou o pão e deu à eles ”(como o padre na missa), os quais compreendem e reconhecem quem é Ele. Desde então, a Eucaristia tem sido o lugar do nosso encontro sensível com Jesus. “Não temos, nem vemos outra coisa verdadeira e sensível neste mundo desse Altíssimo Senhor, exceto seu Corpo e Sangue”, dizia São Francisco de Assis.

E, como Maria Madalena, como João, os dois discípulos entendem que é através do amor que avançam em direção à Ele: “Não ardia nosso coração, por acaso, enquanto Ele nos falava durante o caminho e explicava as Escrituras para nós?” Os peregrinos de Emaús sabiam – e nos convidam a fazer isso com eles – que esse caminho para a felicidade perfeita que eles percorreram com Jesus Cristo Ressuscitado e que correm para compartilhar com os Apóstolos é, de fato, Ele mesmo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida ”(Jo 14,6).

Um caminho que serve para todos nós

Estes encontros de Páscoa podem ser procurados por cada um de nós através de outros testemunhos da Ressurreição: as mulheres santas, São Tomé, os Apóstolos. São como lampejos de uma realidade que sempre nos dominará e nos fará vislumbrar o que Cristo Ressuscitado espera de nós:

  • É sempre Ele quem toma a iniciativa e quem se manifesta livremente escolhendo quem Ele quer;
  • Ele quer ser reconhecido e mostra sinais para alcançá-lo, mas não força nada. Deixa seu interlocutor encontrar sua resposta em liberdade;
  • Esse encontro quebra de tal maneira todas as concepções sobre a vida e a morte que cada um deve passar por uma jornada de reconhecimento, medo, dúvida, alegria incrédula, choque, adoração (alguns não conseguem);
  • Cada um revela suas disposições internas e entendemos que a coisa decisiva para avançar em direção à Ele é o amor;
  • Depois de ser reconhecido, Jesus revela que ele não está mais morto, mas sim vivo (ele fala, anda, come), que continua sendo o mesmo, mas diferente, mestre das limitações deste mundo;
  • Jesus inscreve sua Ressurreição na história de Israel e nas Sagradas Escrituras e convida à lê-las e compreendê-las à luz do evento pascal;
  • Ele conduz do visível ao invisível, do contato físico aos sinais, da presença sensível aos sacramentos em que se entregará e, sobretudo, na Eucaristia;
  • Seus interlocutores entendem que Jesus é mais que o Messias: “Meu Senhor e meu Deus!”, exclama Tomé.

Todos esses encontros terminam com um envio de missão. Jesus confia a cada um a responsabilidade de contar esse encontro com Ele e de dar testemunho da boa nova da Salvação. Assim, Jesus forma o coração e o intelecto para dar testemunho dele, antes que o Espírito Santo dê forças para fazê-lo. Todas essas aparições de Cristo Ressuscitado refletem, portanto, um encontro pessoal com Ele. Cada um de nós é chamado a isso nos sacramentos, na oração e em toda a vida. Jesus é sempre nosso contemporâneo e nós também somos chamados por Ele a aceitar o mesmo desafio que as suas primeiras testemunhas.

Didier Rance