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Quinta-feira Santa: como servir durante o confinamento

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Edifa - publicado em 09/04/20

Nesta Quinta-feira Santa, fazemos memória do momento em que Jesus lava os pés de seus apóstolos. Através desse gesto, ele nos convida a sermos servos dos outros. Um ensinamento que podemos buscar seguir, mesmo estando confinados em casa.

Nesta Quinta-feira Santa, contemplamos Jesus lavando os pés de seus doze apóstolos. O gesto realizado pelo Senhor corre o risco de não ser compreendido pelos nossos filhos, se não lhes explicarmos. Lavar os pés era uma marca muito comum de hospitalidade em países onde as pessoas andavam descalças ou usando sandálias simples. Contudo, essa tarefa recaia sobre os escravos (ao mais pobre entre eles, pois nem mesmo um escravo judeu era obrigado a fazê-lo).

Ao lavar os pés dos amigos, Jesus assume a condição do mais humilde dos servos. Mas o que ele faz vai muito além de prestar um serviço pontual àqueles que ele ama. É aí que ele manifesta claramente o que sempre foi: um servo, “o” servo por excelência. Este é todo o significado de sua Encarnação e de sua Paixão: “Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.” (Fp 2, 6-8).

Tornar-se servo de nossos irmãos

Jesus pede que nos tornemos servos como ele. Mas, para ser servo não basta prestar serviço. Porque podemos até aceitar servir, nos sentindo generosos e dedicados. Mas essa maneira de prestar serviço faz do outro devedor, isto é, a pesar das aparências, esse serviço nos coloca como mestres em relação àquele a quem servimos, é uma maneira de exercer poder. Não é assim que Jesus serve. Ele se torna o último de todos, pobre entre os pobres. A humilhação da lavagem dos pés anuncia a humilhação da Cruz. Contudo, para se tornar um servo, você precisa também prestar serviços – começando com todos os pequenos serviços concretos e diários, que não têm brilho ou glória. Aprender a servir de forma livre, discreta, com alegria, é aprender a se tornar servo. Contanto que ao prestar o serviço você não priorize a sua própria glória e não vise um interesse no fim. Ser servo é também, às vezes, desistir de prestar um serviço para permitir que outra pessoa o faça.

Se a Igreja dá lugar especial à lavagem dos pés na liturgia da Quinta-feira Santa, obviamente não é por acaso. Nenhuma palavra poderia melhor descrever o elo entre os três grandes mistérios que celebrados hoje do que esse gesto de Jesus, junto ao seu comentário. Falo do elo entre a Eucaristia, a caridade fraterna e o sacerdócio. A prática sacramental e a prática da caridade fraterna são inseparáveis. Simplesmente porque o mandamento de amar a Deus e o seu próximo é um só. Porque existe apenas um amor. Ser católico “praticante” significa participar da vida litúrgica e sacramental da Igreja – e antes de tudo, participar da missa dominical -, mas significa também tornar-se servo de nossos irmãos. Se durante o confinamento a Eucaristia não nos está acessível, ainda temos a chance de servir.

Durante esse período de quarentena, podemos nos fazer servos uns do outros em casa, através de sorrisos, do bom humor e da atenção e dedicação. Também podemos ficar atentos para manter um vínculo regular (telefone, e-mail, etc.) com aqueles que estão ausentes. Sejam eles da nossa família, nossos vizinhos e principalmente as pessoas idosas ou mais frágeis, que estão sozinhas em casa ou estão confinadas sem a possibilidade de receber visitas, por exemplo em um lar de idosos.

Christine Ponsard

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