Nós nunca tivemos uma oportunidade tão boa de aprofundar a nossa relação com Deus e a nossa fé quanto agora durante a quarentena. Nos sentimos inflamados. Mas precisamos ter atenção, pois corremos o risco de deixar essa chama se apagar quando sairmos da quarentena
A crise sanitária está longe de chegar ao fim, mas muita gente já está pensando em como será a vida após o Covid-19. Voltar ao trabalho, à escola, à universidade, reencontros com a família e com os amigos. E o que falar da nossa fé? Será que a chama e o ardor da vida de oração que muitos estão vivendo neste tempo de quarentena continuará brilhando mesmo depois que o confinamento terminar? Uma vez que tomamos a decisão de manter esta chama acesa, é preciso definir como faremos para alcançar o nosso objetivo.
Jesus, obrigado por estar aqui comigo, passa a frente!
O desejo de cultivar a nossa intimidade com o Senhor e de perseverar na nossa vida espiritual leva inevitavelmente a um certo combate espiritual. Neste caminho, precisamos de muita perseverança e confiança. No entanto, “nosso Senhor está aqui, em meio às panelas, nos ajudando interior e exteriormente”, dizia Santa Teresa d’Ávila.
Como disse o apóstolo Paulo: “vocês não foram tentados além do que podiam suportar, porque Deus é fiel e não permitirá que sejam tentados acima das forças que vocês têm. Mas, junto com a tentação, ele dará a vocês os meios de sair dela e a força para suportá-la” (1 Cor 10,13).
A nossa esperança nos chama a uma vigilância constante. Isso significa ordenar os nossos pensamentos à luz da nossa fé, nossas emoções à força da caridade que nos guia interiormente, e colocar cada desafio à luz da esperança que nos sustenta e nos conduz.
Podemos fazer isso de diferentes formas. Através da leitura da Palavra de Deus e da vida dos santos; da oração; de jejuns e abstinências; bem como através de uma sólida formação catequética, do conhecimento dos mistérios de Deus que alimenta o amor.
Os meios precisam ser realistas, o que quer dizer que precisamos adaptá-los segundo as nossas obrigações. Realistas, contudo, fervorosos! E para que eles não se esvaiam rapidamente, é preciso planejar e fixar as nossas prioridades. Essas são as escolhas de amor que nos levam a acolher a primazia de Deus e a graça em nossas vidas.
Um cristão sozinho é um cristão em perigo. É, portanto, necessário partilhar o ardor da sua fé com outros cristãos.
Uma ultima dica: não deixar de expressar ao Senhor aquilo que o seu coração sente nas atividades do dia a dia, como um ato de amor, esperança e fé: “senhor, obrigado por tanto me amar; Maria, dai-me a tua doçura, tua delicadeza; Oh Trindade que eu adoro!”. Um conhecido tinha o hábito de dizer, todas as vezes que ele passava por uma porta: “Jesus, obrigada por estar comigo. Passa à frente!”. Cabe a cada encontrar a sua maneira de lembrar de Cristo no seu presente.
Nicolas Buttet