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A receita de Luís e Zélia Martin para atravessar os momentos de provação

STS LOUIS,ZELIE,MARTIN

PD

Edifa - publicado em 07/05/20

Na situação sem precedentes que o mundo vive hoje, é normal nos sentirmos estressados, confusos ou sobrecarregados pelos eventos que assistimos. O nosso espírito pode entrar em real sofrimento. Mas que sentido essa imensa angústia pode ter? E como lidar com isso? Encontre a resposta com os santos Luís e Zélia Martin

O sofrimento faz parte da vida. Durante momentos desafiadores podemos recorrer aos santos, que podem nos ajudar a melhor compreender e atravessar as dificuldades. O padre Jean-Marie Simar, que foi por muitos anos reitor do santuário de Luís e Zélia Martin em Alençon, na França, revela o segredo do santo casal para permanecer firme na provação.

É preciso sofrer para ser santo?

Não. No céu seremos santos sem sofrer. Mas na Terra, santos ou não, acreditando ou não, quer gostemos ou não, todos enfrentamos o sofrimento uma vez ou outra. O cristão que quer ser santo aceita esse sofrimento e o oferece em união ao sofrimento de Cristo. Assim, ele se tornará semelhante ao Cristo.

Como o sofrimento pode ser “redentor”?

Somente os sofrimentos de Jesus oferecidos por amor são redentores, pois somente ele nos salvou. Mas Deus queria nos associar ao seu plano de salvação. É o que diz São Paulo: “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja” (Cl 1, 24). Podemos então falar, como fez o Papa João Paulo II, do sofrimento “corredentor”. O termo significa que, como a mãe das dores, unimos todo o nosso sofrimento, seja ele qual for (doença, dor…), com o de Cristo pela salvação do homem. Assim, nosso sofrimento assume um valor imensurável e indizível. Para fazer isso, basta dizer a Jesus: “Senhor, eu vos ofereço este sofrimento pela conversão do homem, pela paz no mundo…”

Santa Zélia Martin falou bastante sobre a resignação. Devemos nos resignar ao mal ou, pelo contrário, lutar contra ele?

Deus não deseja o sofrimento, ele nunca desejou, assim como nunca desejou sua causa, o pecado. Não é ele quem nos envia o sofrimento para nos punir, como às vezes pensamos. É por isso que podemos e devemos fazer tudo para prevenir, aliviar ou curar o sofrimento. Foi o que Zélia fez, orando por sua cura em todo o caminho até Lourdes. Mas, por outro lado, ela nunca se rebelou contra Deus, mas aceitou tudo e abandonou-se nas mãos do Pai, como vemos em sua carta adereçando-se à cunhada: “O melhor é colocar todas as coisas nas mãos do Bom Deus e aguardar os eventos com calma e abandono à sua vontade. É isso que vou me esforçar para fazer” (Correspondência Familiar 45). Assim, sua batalha foi render-se à vontade de Deus, e não lutar para escapar a todo custo do sofrimento.

O sofrimento pode levar à revolta contra Deus. E os santos Martin, não sentiram nem um pingo de revolta?

Luís e Zélia, pela sua oração e vida sacramental, por seu compromisso de viver de acordo com o Evangelho, viram seu amor por Deus crescer tanto que não havia mais espaço para revolta. Pelo contrário, eles estavam cheios de compaixão por todos os sofrimentos que Jesus e a mãe das dores sofreram por amor a nós. Eles sabiam que sofrer em união com eles era uma graça. Essa compaixão com o Crucificado levou-os a amarem mais o próximo e os pobres em particular.

Existe uma “receita Martin” para passar pelas provações?

Ao contemplar o Crucificado e sua mãe dolorosa, o casal Martin entendia o valor redentor do sofrimento trazido e oferecido por amor. Por isso, sem fazer perguntas, sem se rebelar contra Deus, eles aceitaram a cruz diária, tanto a menor quanto a mais pesada. Eles também extraíam forças da Santa Eucaristia e da comunhão diária, porque iam à missa todos os dias. E assim, o sofrimento foi se tornando uma bênção para eles e para seus filhos. Zélia, que sofria de câncer, disse um dia: “Se bastasse apenas o sacrifício da minha vida para que Léonie se tornasse uma santa, eu o faria de todo o coração” (Correspondência familiar 184).

Entrevista por Luc Adrian

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