Lutos, rupturas de relacionamento, acidentes, doenças, demissão ou fracasso pessoal são algumas das dificuldades que permanecem na memória e nos impedem de apreciar completamente o presente. A seguir, encontre algumas chaves que podem ajudá-lo a fazer as pazes com o seu passado e libertar-se de más lembranças
Algumas pessoas cuja história pessoal foi dolorosa não conseguem realmente esquecer tudo o que deu errado em suas vidas.
Elas se perguntam: como viver com essas lembranças ruins? Elas não percebem, mas a resposta está escrita na sua própria pergunta.
“Viver sem” ou “viver com”?
O primeiro erro seria sonhar em “viver sem”: sem essas memórias, sem essa herança, sem essas feridas.
Ao contrário do que as pessoas dizem, você não pode “recomeçar sua vida”. Essa expressão é enganosa.
Sim, com a graça de Deus, é possível escrever uma nova página, mas você não pode arrancar as páginas já escritas, manchadas e riscadas.
O passado é o que é, é uma história, para o melhor e para o pior. Você não pode se livrar ou fugir dele. Seria tomar-se por outro, seria viver fora de si.
É o que acontece quando uma pessoa não consegue mais suportar a realidade: a tentação é fugir para outro lugar, e é a consequência disso é o apego a velhos e novos vícios.
Também sabemos que a negação é ilusória. Mesmo que você não queira mais pensar sobre o assunto, mesmo se você conseguir apagar o trauma da sua memória, não significa que ele desapareceu.
É como se tivéssemos colocado sobre o assunto uma coberta, que continua se movendo. É como os segredos de família: eles estão enterrados, mas continuam envenenando a todos.
Então isso significa que somos incapazes de sair dessa história de infelicidade?
Aí reside o outro erro, que é o de “conviver” com seu fardo, ferida, miséria, mas deixando que eles invadam todo o seu campo de consciência e bloqueiem o horizonte.
Resignado, intimamente revoltado ou tristemente oprimido, de qualquer forma, não vivemos mais, sobrevivemos. É um veneno mortal que nos corrói por dentro.
Os cinco passos para o futuro
Existe sim uma esperança, pois a nossa história não acabou! A pequena menina esperança (como diz Péguy, poeta francês) vem nos pegar pela mão e nos convida a dar alguns passos em direção ao futuro:
- O primeiro passo é assumir um ato de fé: acreditar que não estamos sozinhos. Cristo está conosco todos os dias até o fim do mundo (Mt 28, 20). Inclusive nos dias de tempestade e escuridão!
- O segundo passo é aceitação, humildade diante da realidade.
- O terceiro passo é o perdão. Em vez de nutrir uma amargura contra aqueles que o machucaram (atitude que apenas deixa a ferida sempre aberta), devemos confiar toda a nossa dor à misericórdia de Deus e tentar uni-la às suas dores – pois não somos melhores do que os outros (1 Rs 19, 4).
- O quarto passo é a oferta: devemos pedir a Marthe Robin que nos ensine sobre esse grande segredo. A oferta transforma sofrimento em amor, desamparo em fecundidade.
- O quinto passo é viver intensamente, ousar viver, e viver novamente; porque nada nos impede de amar!
Padre Alain Bandelier