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O segredo da mudança sem estresse

Je déménage sans stress

© Shutterstock

Edifa - publicado em 23/06/20

Sair de casa, do espaço familiar onde você tem seus hábitos, às vezes pode ser complicado, até doloroso, mesmo que a mudança seja motivada por perspectivas positivas, como um nascimento, uma transferência de trabalho ou um novo projeto de vida. Aqui vão algumas dicas para tirar a cabeça da mudança e se sentir bem em seu novo ambiente.

“Eu sempre chorei ao chegar e sempre chorei ao partir”, diz Anne, que está em sua quinta mudança. A experiência, que pode ser mais ou menos dolorosa, pode assumir a forma de uma ferida. “Independentemente de como é experimentada, a mudança é sempre um processo de abandono”, diz Alberto Eiguer, psicanalista. Trata-se de deixar pontos de referência, mas acima de tudo laços emocionais: amigos, vizinhos, rostos familiares, creche ou escola, paróquia e todos esses pequenos elos que são tecidos diariamente. Mesmo que seja para melhor (não necessariamente de imediato), mesmo que seja escolhida, a mudança constitui um trauma. Assim como os profetas no livro do Êxodo, mudar seu local de residência pode ser difícil, mas também é um chamado para viver outra missão. É um caminho de desenvolvimento que permite que você cresça, mas sob certas condições.

Aceite não mais olhar para trás

Se é doloroso se desapegar do antigo lugar onde você viveu, ao se mudar, é primordial se forçar a construir algo novo, sem tentar prolongar o que havia sido vivido antes no outro ambiente. Cristine experimentou o seguinte: “Nos mudamos para um apartamento bem próximo do antigo. No começo, eu queria ir à mesma praça com as crianças, onde elas costumavam brincar, mas me forcei a ir regularmente ao jardim de nosso novo bairro”.

Não se trata de cortar os laços definitivamente, mas de transformar essas velhas conexões em novos relacionamentos. Não é aprendendo a separar que aprendemos a manter o essencial? Nesse período de adaptação, é particularmente oportuno rezar, confidenciar sua tristeza, suas esperanças, suas dúvidas, os amigos deixados, os que se apresentarão, pedir a ajuda do Espírito Santo para discernir as escolhas que estão por vir.

Uma mudança envolve muita bagunça e várias etapas. Demora vários meses para absorver completamente a mudança. Reconhecer seu cansaço – físico, psicológico – e concordar em viver em meio a algumas caixas por um certo tempo (desde que não seja para sempre), permite que você avance.

Quando fazer um balanço ou até virar a página

Limpar, marcar seu território, colocar cada coisa em seu lugar e celebrar socialmente o fim de toda a arrumação são os quatro elementos que constituem um movimento de renovação, de transição para uma nova vida. Organizar o seu espaço traz uma dimensão de intimidade, mas também uma dimensão social. É a etapa da apropriação, mais satisfatória, porque traz esperança e mudança, e um simbolismo de renovação. É a oportunidade para alguns fazerem um balanço ou até virar a página.

Para Catarina e Francisco, a mudança sempre levantou muitos questionamentos: “Como queremos viver neste novo lugar? Que tipo de relacionamento queremos, com quem?”. A mudança oferece uma oportunidade de fazer um balanço, de se libertar, descobrir novos caminhos de realização e de serviço.

Para se integrar é preciso ousar

Cabe aos pais em primeiro lugar começar a tecer os fios da nova vida. Sua integração dependerá de sua motivação. Se ela for positiva (Legal, outras faces, uma nova região com muito a descobrir) ou desmotivadora (O que estou fazendo neste buraco? Não há nada a fazer e ninguém para visitar). Aqueles que se mudam com frequência, ou por um período muito curto, às vezes têm dificuldade em renovar suas forças ou motivações. “Quando você sabe que está se mudando apenas por um ano, é difícil investir esforços. Afinal, qual é o sentido de tanto esforço para criar laços, se iremos perdê-los e recomeçar em outro lugar?” se pergunta Constância, esposa de um militar. Mas é importante adicionar: “Quanto mais motivados estamos em investir neste novo lugar, mais temos chances em nos integrar, independentemente de quanto tempo ficarmos”.

Outros raramente dão o primeiro passo. É preciso sair para encontrar outras pessoas, com humildade, que é a palavra-chave desse processo de integração. Ousar pedir ajuda, solicitar serviços ou pedir informações aos vizinhos para simplificar os procedimentos administrativos, conhecer os melhores lugares da vizinhança (restaurantes, médicos, sapateiros, tinturaria, loja de conveniência, etc.). A exploração de sua rede profissional também não deve ser negligenciada. Às vezes, é preciso criar oportunidades para conhecer pessoas, um jantar com os vizinhos, ou aceitar ir a um café da tarde com as mães. A paróquia e a escola continuam sendo meios privilegiados de integração. As crianças ajudam a abrir portas, compartilhar aprendizados, ajudar-se mutuamente.

As famílias também têm interesse em se aproximar de uma comunidade religiosa, um lugar de renovação espiritual e laços fraternos. A providência, que coloca as pessoas certas ao nosso lado, na hora certa, está esperando nossa confiança: “Nosso vizinho acima tinha gêmeos seis meses mais velhos que meus gêmeos. Nós nos apoiamos muito, diz Mary. Ela me apresentou a toda a sua rede de amigos”. Por fim, por que não aproveitar da mudança para descobrir uma nova região, os contornos de sua geografia, as páginas de sua história, as riquezas de sua cultura?

Se não precisamos estar completamente instalados para começarmos a nos abrir ao novo, entendemos também que o tempo é um aliado precioso para se estabelecer em profundidade no longo termo. “No primeiro ano, construímos; no segundo ano, consolidamos; no terceiro ano, começamos a nos divertir”, resume Anne. Agora, ela é quem recebe os recém-chegados ao seu prédio.

Raphaëlle Simon

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