Passar sua vida com um cônjuge que pensa que tem sempre razão e quer ter a última palavra numa discussão pode ser difícil. A menos que você saiba como lidar com ele e entendê-lo melhor
Quem não conheceu uma pessoa que diz amargamente: “Eu não posso falar com meu marido (esposa). É simples: ele (ela) tem sempre razão! ».
Também devemos falar sobre aqueles casais onde ambos sentem que estão certos e obstinadamente defendem seu ponto de vista.
E se você perguntar qual deles provocou essa disputa verbal, cada um lhe dirá que foi o outro. E quanto a esses comportamentos? E sobretudo, o que você pode fazer a respeito deles se eles aparecem na sua relação?
Tentar perceber o que a outra pessoa percebe como certo
Podemos começar a nos perguntar de onde vem esse desejo de ter toda a razão? De um amor à verdade, de uma necessidade de afirmação ou de uma falta de humildade?
Acima de tudo, não devemos esquecer que a realidade é complexa. Será tão fácil saber perfeitamente como gerir as dificuldades financeiras, como conciliar a vida familiar e profissional?
Frente a problemas graves (por exemplo, a anorexia de uma adolescente), a pessoa que é capaz de encontrar a solução ótima é muito inteligente.
Ter considerados todos os parâmetros é mais fácil com dois pontos de vista. Na maioria dos casos, se há discordância, é porque cada um está situado de forma diferente em relação ao problema.
Suponha duas pessoas com um painel no meio, um painel pintado de vermelho de um lado e de branco do outro. A pessoa que só vê o lado vermelho dirá que o painel é vermelho, e a pessoa que só vê o lado branco dirá que é branco. Todos têm somente parte da verdade.
É a mesma coisa em muitos desentendimentos conjugais: cada pessoa percebe apenas uma faceta da verdade. Não poderiam os dois pontos de vista, já que contêm uma parte da verdade, tender a ser conciliados a fim de encontrar uma solução mediana?
Cada um dos cônjuges poderia dizer um ao outro: “Se o meu cônjuge não vê as coisas como eu as vejo, é porque ele (ela) percebe um aspecto do problema que me escapa. Vou tentar ver o que ele (ela) percebe que está certo”.
Finalmente, há duas virtudes que são muito úteis na vida de um casal. Antes de mais nada, empatia, uma qualidade fabulosa que supõe que se é capaz de se descentrar, de deixar as suas próprias referências por um momento, de entrar respeitosamente no modo de ver do outro e de fazer os seus problemas como se fossem nossos.
E então, a humildade de qualquer homem de bom senso que, conhecendo seus limites, não finge possuir toda a verdade. Pois só um homem poderia dizer, sem se gabar, que tem a Verdade, mas também que Ele é a Verdade: é Deus.
Padre Denis Sonet