Embora nos passeios do casal às vezes aconteçam algumas disputas, nem por isso deixam de ser uma ocasião formidável para os cônjuges se redescobrirem
Os momentos de lazer, os passeios e as férias são uma ocasião para se reunir com a família, mas também para estar juntos como casal.
Abaixo, o padre Pierre Descouvemont, conselheiro nacional do movimento Equipes de Notre-Dame na França, dá algumas dicas para estimular a vida com o casal e divertir-se com seu marido ou esposa.
As férias permitem que os cônjuges passem mais tempo juntos. É o suficiente para nos encontrarmos novamente?
A vida cotidiana força muita agitação, é guiada pela preocupação da eficácia: o casal não pode fugir desse ritmo, que os sufoca se não tomar cuidado. As férias são um momento único para quebrar a rotina e redescobrir a alegria de simplesmente estar juntos. Os momentos de reunião são geralmente gastos discutindo, resolvendo problemas ou no quarto. Você esquece de desfrutar a alegria de receber um ao outro como um verdadeiro presente do Céu ou de brincar com seus filhos. Também pode ser benéfico passar algum tempo juntos em silêncio para redescobrir a ternura do namoro, a felicidade na presença do outro.
Muitos, imersos no turbilhão da vida, dizem que gozarão da alegria de se reunir quando se aposentarem. Mas quando a aposentadoria chega, se eles não aprenderam a se comunicar, não sabem como fazê-lo. Este exercício é ainda mais necessário para quem tem responsabilidades profissionais. Muitas vezes, eles só vêem as férias como uma oportunidade para descansar para começar um novo ano em pleno andamento. Esse tempo de lazer pode ser uma época culminante do ano e não um meio simples de prosperar o resto da vida.
Estou de acordo mas não é muito fácil com as crianças, as idas e vindas durante o verão …
Muitos pais e mães acabam exaustos nesses meses que, às vezes, de férias, só têm o nome. Mas muitas vezes, se eles querem ficar mais tranquilos e sossegados e descansarem por alguns dias, podem deixar os seus filhos com os avós ou com um amigo. Para aqueles que temem não dar atenção aos seus filhos, digo frequentemente: “Ousem ficarem sozinhos juntos. Vocês são cônjuges antes de serem pais. Vocês têm o direito de serem felizes. Seus filhos sabem e sentem isso. Eles não precisam apenas do amor de cada um dos pais, mas também do amor de um pelo outro. Em qualquer idade, eles se fortalecem com isso”.
Devemos aproveitar esses reencontros para destacar as preocupações e até ressentimentos ao longo do ano?
Eu prefiro a terapia fria do que a quente. Com o relaxamento das férias, as coisas importantes podem ser ditas. Não para acusar, mas para explicar: expressar um sentimento não é julgar ou pedir mudança. Na vida sentimental, diferentemente da vida espiritual ou profissional, é bom parar no que sente, para poder expressar esses sentimentos com amor. Além disso, isso não impede a compreensão do motivo pelo qual o outro adota esse ou aquele comportamento. Então, com o tempo e uma melhor compreensão mútua, podemos esperar que o outro evite nos prejudicar.
E os casais que estão passando por tempestades ou turbulências, deveriam tentar se explicar mais uma vez?
Não há solução milagrosa para sair de um momento difícil, cada casal deve encontrar suas soluções. A palavra só é útil se quiser ser construtiva; caso contrário, pode ser destrutiva. As convivências, o recurso a um conselheiro matrimonial ou terapeuta podem ser benéficos. Seja como for, a fé fornece esperança para passar por momentos de crise. Apesar das tensões, você precisa acreditar no amor de Deus e na força do sacramento do seu casamento.
Voltando ao tema das férias, apesar de serem um momento em que nos distanciamos dos problemas do ano, não é possível resolver tudo, distanciando-se ou recorrendo ao humor. O mistério da Cruz não é eliminado durante as férias; ele necessariamente causa momentos de resignação.
O que você aconselha àqueles que gostariam de orar juntos durante as férias?
Não tentem fazê-lo perfeito; se não, eles rezam uma ou duas vezes e ficam desanimados. Você tem que rezar da maneira mais simples possível. Com discrição no acampamento ou no hotel, espontaneamente no topo de uma montanha ou antes do pôr do sol. É mais fácil rezar em lugares que inspiram. É também nesses momentos de calma quando nós percebemos que nós não rezamos somente para nós mesmos mas também porque Deus está esperando por nós. Fico feliz em ver um casal passando o tempo fazendo isso.
Para aqueles que sentem que não estão avançando em sua oração, recomendo um pequeno exercício: localize tudo o que, nos textos da Bíblia, é uma fonte de alegria. Que palavras nos dão esperança? Que palabras nos dão paz? É uma ótima maneira de conhecer a nós mesmos. A Palavra de Deus está viva, nutre o ser humano.
Entrevista realizada por Bénédicte Drouin