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Quando a preocupação com o futuro se torna uma obsessão

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Edifa - publicado em 27/07/20
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É normal se preocupar com seu futuro. Porém, é preciso ter cuidado para não dedicar toda a energia a temer um evento que possa ou nunca acontecer, com o risco de perder a alegria e a paz de coração

Há dois tipos de preocupações. A ansiedade positiva que revela em nós a sede de Deus, o “Único necessário” de nossas vidas.

Santo Agostinho o expressa desta maneira: “Tu nos fizeste para ti, Senhor, e nosso coração permanece inquieto até que ele permaneça em ti”.

E a ansiedade negativa que surge das contradições que nos habitam e das provas que surgem em nossas vidas.

Essa ansiedade muitas vezes nos faz perder a paz e a alegria de nossos corações. Está no centro de uma batalha espiritual que deve ser trazida à luz.

As ferramentas para liderar a luta

É normal que estas preocupações surjam. Jesus nos advertiu: “Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram” (Mt 7,14).

A angústia, vista desta perspectiva, aparece como a entrada na vida, como um segundo nascimento e o ponto de controle mais seguro de nossa vida espiritual. Não obstante, Santo Inácio explica que nunca são circunstâncias ou eventos que nos levam a perder a paz de coração.

A causa está sempre em um distanciamento de Cristo causado precisamente pela ansiedade, que por sua vez é causada por dificuldades. O Maligno interfere, tentando captar nossa atenção e ocupar nossos pensamentos com mil preocupações. Seu objetivo: nos distrair da presença de Jesus.

São Pedro nos dá duas ferramentas para liderar a luta: “Resisti-lhe fortes na fé” (1Pd 5,9). E novamente: “Confiai-lhe todas as vossas preocupações, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pedro 5:7).

São Francisco de Sales insiste: “Não busque as consolações de Deus, mas o Deus das consolações” e explica: “A preocupação é o maior mal depois do pecado”. É mais do que uma tentação, diz ele: é a porta aberta a todas as tentações. Além disso, Jesus coloca “as preocupações da vida” no mesmo nível que a deboche e a embriaguez (Lc 21,34)!

É por isso que São Paulo nos encoraja: “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus.” (Fil 4,6-7).

A graça do abandono

Não é uma questão de apologizar a passividade ou o quietismo. Trata-se de colocar-nos nas mãos de Deus com total confiança: “Meu Pai, eu me entrego a ti” (Charles de Foucauld)… Para o passado: atirando-o no fogo de sua misericórdia.

Para o futuro, confiando-o à sua providência, sabendo que “Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação, ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela” (1 Cor 10:13).

Este abandono nos permite então viver o momento presente com a graça do Senhor, sabendo que “Àquele que, pela virtude que opera em nós, pode fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou entendemos” (Ef 3,20).

Padre Nicolas Buttet

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