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É possível perdoar um adultério?

Wedding engagement ring - Woman

© Fizkes

Edifa - publicado em 30/07/20

Será que é possível perdoar o nosso cônjuge sem esquecer o que ele fez, sobretudo quando se trata de uma infidelidade? Podemos perdoar sem esquecer? E como encontrar felicidade em viver o matrimônio superando uma provação tão grande quanto essa?

Luísa e Paulo vivem essa tensão de cortar o coração, experimentando uma dor que ambos admitem ser intolerável, e não sabem como sair dela. Na verdade, Paulo (mas poderia ter sido Luísa) teve um caso extraconjugal e sua esposa acabou de descobrir.

Eles analisaram tudo o que aconteceu, entenderam as consequências que isso iria gerar em seu relacionamento e decidiram endireitar o caminho, cada um fazendo a sua parte.

Eles pediram perdão um ao outro, mas agora enfrentam lembranças que geram ressentimentos e raiva em seu interior, o que os impede de retomar serenamente o caminho do matrimônio e superar o acontecido.

O perdão, cura para a dor infligida ou recebida

O que é perdoar? Seria esquecer voluntariamente a traição, a mágoa ou a amargura que a ofensa provocou? Essa raiva é apenas a reação ao acontecido, mas muitas vezes se degenera em um desejo de vingança e destruição. Às vezes, a mágoa é muito profunda diante da injustiça que a vítima acredita ter passado: “Eu não merecia isso”. Aquele que causou a ofensa está em dívida com quem ofendeu. Portanto, perdoar não é apagar a mágoa gerada pela ofensa, mas a dívida.

Para perdoar precisamos aprender, o que exige esforço e persistência. Isso nos permitirá, ao passo que enfrentamos nossos próprios limites e os aceitamos, nos abrir à compaixão diante dos outros. Quanto à ferida causada, sempre levará tempo até que a dor desapareça. Quanto à cicatriz, ela permanecerá para sempre.

Cristo Jesus leva pela eternidade as chagas de nossas infidelidades. No entanto, ele perdoou todas as nossas dívidas e mostrou apenas o seu amor até o fim, atestando que não há maior prova de amor do que doar a sua vida por quem lhe foi infiel.

Portanto, não esqueçamos de todos os dias, recitando a oração que recebemos do Senhor, nos dirigir ao Pai, ousando dizer: “Perdoa-nos as nossas dívidas assim como perdoamos aqueles que nos devem” (tradução literal do grego do evangelho segundo São Mateus 6, 12). E depois de ter suplicado dessa forma à Deus Pai, será que não seríamos capazes de perdoar a ofensa, por maior que ela tenha sido, do escolhido do nosso coração?

A cura leva tempo

Quando chega a hora do perdão, um fenômeno costuma acontecer e reavivar a dor, atrapalhando o caminho de retorno ao outro. São coisas – encontros, imagens, conversas – que colocam os cônjuges de volta nas lembranças de tudo o que aconteceu. Se ficarem presos a esses pensamentos mórbidos, eles correm o grave risco de se transformarem em “estátuas de sal”! Um futuro construtivo pede que paremos de olhar para trás.

Se Luísa estiver tendo dificuldades em deixar de lado pensamentos negativos impossíveis de controlar, será necessário que ela procure ajuda de profissionais competentes. E Paulo terá que aceitar que esse trabalho de cura leva tempo. Até que eles possam dizer, junto a Jeremias (v. 34): “Não mais me lembrarei dos seus pecados”.

Marie-Noël Florant

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