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Baby blues: como sair dela, ou nem mesmo entrar

BABY

Shutterstock | Tomsickova Tatyan

Edifa - publicado em 03/09/20

Após a tão esperada hora do parto, algumas mulheres se sentem submersas por um profundo desânimo. Lágrimas e nervos à flor da pele... a baby blues pode ser experimentada como um verdadeiro terremoto, porém é possível que ela ser evitada.

A baby blues é como um terremoto, um tremor dentro do corpo da mãe, que a sacode toda”. Nadia experimentou essa sensação após o nascimento de seu terceiro filho. “Não passei nenhuma dificuldade do tipo com os meus filhos mais velhos”, lembra ela, “mas quando Eva nasceu, não senti nenhuma ânsia maternal. Nada além de um cansaço imenso e uma solidão profunda. Eu passava de estados de tristeza a ataques de choro. Havia algo que bloqueava a relação entre mim e minha bebê. Eu estava mais na vontade do que no sentimento, tinha gestos de mãe, mas o coração não estava lá”. Quantas mulheres se reconhecerão neste mesmo depoimento. “Síndrome do terceiro dia” é uma expressão também usada para caracterizar a baby blues (que não deve ser confundida com a depressão comum).

Fique alenta, mas sem dramatizar

A baby blues é um período transitório e passageiro. Não é uma doença, portanto não justifica nenhum tratamento médico”, afirma o psiquiatra infantil Jacques Dayan. “Contudo, se você estiver passando por essa situação, é absolutamente necessário pedir ajuda”, recomenda Nadia. Essa síndrome tem seus códigos próprios, que são bem conhecidos da equipe de enfermagem e que podem ser rapidamente percebidos pelos parentes mais próximos. Os nervos ficam à flor da pele, a jovem mãe experimenta grande fragilidade emocional e chora com facilidade. A esses sinais podem ser adicionados sensações de ansiedade, inquietação e confusão, além de sono e apetite perturbados. Tudo é vivido em profundo desânimo e com a sensação de não estar à altura da tarefa.

A baby blues às vezes ocorre na maternidade, nas horas seguintes ao parto: “O choro do meu bebê, o meu marido que chegou tarde e a amamentação que deu errado. Parecia que nada dava certo e eu chorava com tudo. Já me sentia exausta por tudo aquilo que eu sabia que me aguardava com a vinda de um bebê que precisava tanto de mim”, Diz Marie. Em meio a todas essas sensações e após voltar para casa após o nascimento do primeiro filho, a jovem se vê sozinha, sem a ajuda da equipe médica, e se sente desamparada.

A baby blues parece também ser o tema da moda. Todos parecem ter uma opinião a respeito, desde revistas especializadas a programas populares de tv. “Todos estão buscando um passo a passo de como viver essa fase. Contudo, não é exatamente algo que podemos controlar. É preciso estar atento para uma possível baby blues, mas sem dramatizar”, explica o psiquiatra Guy Benoît. É verdade que o vazio físico e psicológico que surge após o parto é grande. Porém, não devemos nos deixar sobrecarregar por ele, mas, pelo contrário, buscar acolher essa etapa da vida.

O florescimento do sentimento maternal não é automático

Charlotte, que acompanha jovens mães em seus primeiros passos, explica: “O parto caracteriza uma mudança profunda. O corpo sofre um choque brutal. A queda nos níveis do hormônio progestógeno após o nascimento enfraquece psiquicamente a jovem mãe, subitamente despojada do pequeno ser que viveu dentro dela durante nove meses”. Na verdade, há muitas razões para ficar abalada. Exausta e muitas vezes dolorida, a jovem mãe luta para se encontrar: “Já não reconheço mais o meu corpo”, diz Claire, se olhando no espelho após o nascimento da filha.

Em meio à turbulência interna do nascimento, o nosso subconsciente também é estimulado. “A chegada do filho reativa uma dor que acreditávamos estar enterrada ou da qual nem tínhamos consciência”, explica Nadia. Na verdade, o parto nos remete ao nosso próprio nascimento, com as separações, reais ou simbólicas, contidas no inconsciente. Nesse contexto de grande fragilidade e perda de confiança, o surgimento de sentimentos maternos não é algo automático. “Você não nasce mãe, você se torna mãe”, diz o Dr. Jean-Marie Delassus, “Só você, e ninguém mais, pode sentir e saber o que é bom para seu filho. Portanto, para poder descansar, se afaste do telefone e saiba dizer não a visitas demasiadas à maternidade. Dessa forma, você se recuperará mais facilmente. E ainda ajudará seus entes queridos a encontrar um novo equilíbrio!”

Não hesite em reservar um tempo para você

Da mesma forma, ao chegar em casa você também deve procurar manter um pouco de distância da grande família. “Quantos almoços e convites em família recusamos!”, Reconhece Beatrice, para quem as primeiras semanas após um parto foram como um esconde-esconde. Além disso, busque dar prioridade à simplicidade. Aceite que a casa não esteja impecável, que as refeições se limitem aos congelados ou que as crianças usem uma camisa não passada. Busque a simplicidade também ao pedir ajuda. Ao marido, à mãe, à uma vizinha ou amiga. Se o orçamento familiar permitir, algumas horas extras confiadas a uma babá facilitam o dia a dia.

Por fim, cuidar de si é fundamental para “impulsionar” a sua imagem, castigada pelo parto e pela falta de sono: “Apesar de ficar em casa o dia todo, uso maquiagem e me visto bem. Esse gesto me deixa em forma”, observa Chantal. Tudo é uma questão de imaginação e organização: liberar-se entre duas mamadeiras ou duas mamadas para ir à missa; reunir-se com amigas ou sair para passear com elas; aproveitar o cochilo do bebê para ler ou descansar enquanto espera o retorno dos filhos mais velhos. O principal é arrumar um tempo para você. Para si, mas também para Deus. Reservar um tempo a dois com o Senhor e convidá-lo a acompanhar esta etapa da sua vida, com as suas alegrias e dificuldades, é muito importante!

Pascale Albier

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