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Quando, quanto e como passar a dar mesada aos seus filhos

CHILD COUNTING MONEY
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Edifa - publicado em 17/09/20
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A mesada pode ajudar a criança a assumir responsabilidades e se tornar mais independente. Dar conforme à necessidade ou dar um valor mensal, como fazer a escolha certa e quando começar a dar dinheiro ao seu filho?

Das moedinhas colocadas embaixo do travesseiro, ao dinheiro concedido para uma saída ao cinema com os amigos, os pais sempre encontram situações em que precisam dar dinheiro aos filhos. É importante, portanto, que os filhos sejam educados sobre como lidar com o dinheiro. “Fazemos doações ocasionalmente, conforme necessário”, diz Blandine, mãe de quatro filhos. As quantias fixas dadas regularmente podem dar a impressão de que os pais tem a obrigação de lhes dar dinheiro e que eles têm o direito de exigir.

Muitos pais concordam em dar dinheiro aos filhos para pequenas despesas. Esta é uma prática simples que pode ensinar as crianças sobre o valor do dinheiro e educá-las para serem independentes, mas sob certas condições.

Ensine a criança a distinguir uma necessidade real de um desejo passageiro

A mesada não deve ser apresentada como uma renda, fazendo com que a criança acredite que o dinheiro está caindo do céu e que as despesas são óbvias”, disse o psicoterapeuta Thomas d’Ansembourg. A doação sob demanda evita essa armadilha: “Ela abre o caminho para o diálogo e oferece aos pais a oportunidade de ensinar seus filhos a distinguir uma necessidade real de um desejo passageiro. Eles assim os treinam para o discernimento, para o conhecimento e para o autodomínio”.

Este processo requer disponibilidade, às vezes associada a uma boa dose de paciência. Nem sempre é fácil falar com um adolescente que adora argumentar. “Eles podem ser persuasivos quando querem alguma coisa”, diz Laura, mãe de cinco filhos. Ouvi-los é sempre vital e não nos custa muito. Aos pais cabe explicar que às vezes é preciso desistir de certas compras ou adiá-las para outra ocasião. “A liberdade não consiste em satisfazer todos os nossos desejos, mas em poder expressá-los, às vezes restringi-los ou adiar a sua satisfação, esperando o Natal ou um aniversário”, diz o Padre Lancrey-Javal. Mas a paciência é uma virtude que está desaparecendo nesta geração de “quero tudo, no agora”, que é o principal alvo das operações de marketing bem conduzidas. Aos seus quatro filhos adolescentes, Paulo repete incansavelmente esta frase de sabedoria que seu avô adorava recitar para ele: “O desejo da espera supera o delírio da possessão”. Meditemos sobre ela!

A liberdade de gastar ou não

Dar dinheiro sob demanda também permite um controle mais rígido sobre seu uso. “Eu concordo em financiar uma ida ao cinema se o filme for adequado”, explica Blandine. Para Nathalie Goursolas-Bogren, autora de “O manual da mesada” (em tradução livre), no entanto, essa vigilância deve deixar margem para erros: “A criança vai, por exemplo, aprender com a decepção por ter comprado um item barato que não cumpriu com o que prometia. O que vai fazê-la crescer”. Agnes é uma mãe que luta para que seu filho não gaste tudo em doces: “Eu tento persuadir o meu filho para que ele não compre doces demais. Também o ensino a não gastar imediatamente o dinheiro recebido. Ele tem a tendência de correr para a primeira coisa que vê quando entramos em qualquer loja!”.

Outro ponto de atenção, na verdade, é a relação da criança com o dinheiro. “Rapidamente vimos que o cofrinho parecia estar furado!”, ri Laura. Mãe de três filhos, Lorena confirma: “Se eu der uma nota de 10 ao meu filho mais velho, ele tende a gastar 12!”. Por meio do diálogo, esses comportamentos podem mudar. “No início, o dinheiro representa a liberdade de comprar o que quiser. Em seguida, vem a liberdade de não gastar”, garante Nathalie Goursolas-Bogren, consultora educacional, especialista em parentalidade.

Um contrato entre pais e filhos

O que pensar então dos pagamentos regulares, adotados por muitos pais? O processo tem seu lado positivo. A criança ou adolescente aprende a se planejar, guardar e sentir frustração. As crianças terão que pensar nas despesas, fazer escolhas, porque sabem que seus recursos são limitados. De fato, a regularidade inicia a gestão de um orçamento. “Dar regularmente fortalece a criança”, observa Laura. Se ela quer ir ao cinema pela terceira vez no mês e sua carteira está vazia, aprende lições para o próximo mês, ao contrário daquele que recebe sob demanda”.

Também não lhe dê adiantamentos. “O objetivo da mesada regular é ensinar a criança a planejar seus gastos e entender que, quando gastamos nosso dinheiro, ele acaba! Se uma criança está acostumada a receber adiantamentos, ela não hesitará em se endividar na vida adulta”, alerta Nathalie Goursolas-Bogren, embora admita excepcionalmente essa prática. “Concordo em dar antecipadamente se o projeto tem fundamento”, admite Agnes. “Como posso recusar um adiantamento a uma criança que deseja dar um presente de aniversário à irmã ou a uma prima?”.

Outra vantagem de uma doação regular é a garantia de igualdade de tratamento para todas as crianças. “Desde o momento em que entraram na escola, nossos filhos recebem uma quantia mensal idêntica com base em seu nível de escolaridade”, diz Paulo. Como evitar, neste caso, que a criança acabe por considerar esses valores como um direito adquirido? Para o psicólogo Didier Pleux, “a regularidade deve estar atrelada a um contrato com a criança. Se ele não fizer um esforço em sala de aula e em casa, os pais podem parar temporariamente de dar a mesada”. Uma forma de indicar que regularidade não rima com automaticidade.

Como mudar da doação sob demanda para a doação regular

Doação sob demanda ou pagamento regular, como fazer a escolha certa? “Acima de tudo, é importante não dar muito”, insiste Nathalie Goursolas-Bogren. “A criança não deve ser capaz de satisfazer todos os seus desejos. Ela tem que aprender a sentir frustração. A mesada deve ser usada para criar liberdade de escolha nas compras pessoais, mas sem transformá-las em um consumidor compulsivo que não é capaz de recusar nada”.

Durante os anos escolares, por que não considerar a doação sob demanda? Mais propício para discussões, esse modo de proceder oferece uma oportunidade de educar seu filho em sua relação com o dinheiro. É possível estabelecer, no ensino médio, uma regularidade para o empoderamento gradual que será necessário para o período de faculdade. Pierre, pai de três filhos, optou por este método: “A doação sob demanda permitiu-me estabelecer uma relação de confiança com os meus filhos. Quando os filhos mais velhos entraram para o ensino médio elaboramos juntos um orçamento. Pedi que me dissessem se um certo valor era suficiente ou não”. Para Thomas d’Ansembourg, avaliar junto com o filho as suas necessidades é um dos sinais do sucesso de uma boa educação. Ouvir um filho dizer: “não gastei tudo, aqui está o que sobrou”, é um grande presente para um pai.

Resta esclarecer que a mesada não é de forma alguma uma obrigação. “Dar mesada para seu filho continua sendo uma opção educacional”, observa Nathalie Goursolas-Bogren. “É uma boa maneira de ensiná-los sobre o dinheiro, mas certamente há uma maneira adequada para cada família. Alguns pais não o fazem por convicção pessoal, outros porque não podem pagar”. Seus filhos serão, portanto, menos felizes? “Você pode amar sem dar dinheiro”, diz o Padre Lancrey-Javal. No final do Evangelho de São Lucas, antes da Paixão, Jesus pergunta aos seus discípulos se, quando estavam sem dinheiro, “sem porta-moedas nem sandálias”, havia lhes faltado algo. “Nada nos faltou”, eles respondem. Que os filhos ao se tornarem adultos possam responder o mesmo aos seus pais!

Élisabeth Caillemer

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