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Por que precisamos vigiar os adolescentes nas redes sociais?

SOCIAL MEDIA
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Edifa - publicado em 24/09/20
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Para os pais, muitas vezes é difícil acompanhar as atividades dos filhos online. Mas até onde você tem que ir nessa vontade de controlar?

Quem nunca duvidou de ver secretamente o que um filho está fazendo nas redes sociais? Sabendo, é claro, que existe uma grande distância – que não devemos atravessar – entre olhar por cima do ombro e dizer-lhe: “Está tudo bem aí?” e entrar furtivamente em sua conta nas redes sociais à noite, como se fosse do FBI, como se fôssemos hackers fazendo espionagem digital ou ainda fingir que somos um falso amigo para ver o que ele fala e para quem, para verificar se ele sabe se comportar…

Permitir que a criança exerça sua liberdade

Gostaríamos muito de saber tudo para ficar calmos. Mas você precisa mostrar confiança. Agora, a confiança deve ser decidida. Não elimina dúvidas ou preocupações. Embora isso acabe com a má curiosidade e libere o pensamento e a ação.

Aparentemente, é mais fácil não confiar e controlar todas iniciativas, zelar por tudo e ter tudo bem amarrado: assim não há nenhum risco. Mas, na realidade, geramos um risco imenso, o de rebaixar o outro no ato de sua liberdade sob o pretexto de preservá-la. A liberdade não se constitui em abstrato, mas em fatos concretos. Quem nunca escolhe nada, seja por falta de vontade ou impedimento externo, vê a sua liberdade diminuir a cada dia, de forma que, quando chegar o momento em que lhe for dada a possibilidade de escolher, será incapaz de decidir por si mesmo, de estar implicado ele mesmo.

Ter confiança significa então que renunciamos a verificar tudo, mesmo quando temos a possibilidade de verificar. Se não, de que serve a confiança? A confiança acordada obriga-nos a renunciar à ilusão de onipotência, de domínio absoluto, a confiança humaniza quem a cultiva. Ter confiança é, paradoxalmente, aceitar reconhecer nossa própria vulnerabilidade. Daí o imenso presente dado ao destinatário, um presente precioso que deve ser recebido com apreço e cuidadosamente preservado.

Una confiança amorosa e razoável

Em última análise, quem confia decide essa confiança, resolve confiar, depois de ter integrado de forma inteligente essa parte da incerteza. Por isso, este ato de vontade deve basear-se, como tal, na razão: é razoável conceder a liberdade que reivindica esta pessoa que está sob minha guarda? Uma confiança cega ou irracional é, na verdade, uma negligência.

Com nossos filhos, o grau de nossa confiança deve ser medido por sua capacidade de usar sua liberdade sem se colocarem em perigo, porque nosso papel é protegê-los. Cabe-nos explicar-lhes as razões que constroem a nossa confiança, para que sintam que essa confiança não é uma decisão arbitrária mas também cabe a nós dizer à eles que a confiança é um vínculo vivo e que, portanto, deve ser cultivada.

Confiemos à eles, por cima de tudo, Àquele que é o autor da sua liberdade, que nos estima a ponto de colocá-los em nossas mãos e que zela por eles.

Jeanne Larghero