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Autoestima e aceitação: como amar o próprio corpo?

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© wavebreakmedia - Shutterstock

Edifa - publicado em 08/10/20

Você tem complexos de inferioridade e na frente do espelho só consegue ver falhas? Aqui estão alguns motivos para amar o seu corpo como ele é

A bem-aventurada Madre Teresa costumava recolher os pobres moribundos e receber o seu último suspiro. Aí percebemos que a verdadeira dignidade não está em morrer pela mão de outro, mas em morrer segurando a mão de outro. Ela segurou as mãos e o corpo de leprosos e os conduziu ao limiar da vida eterna.

Todo homem é pecador e, portanto, como dizem os padres da Igreja, todo homem é “leproso”, pois perdeu a sua semelhança com Deus, ainda que nele permaneça o reflexo da imagem divina. “Como o pecado que nos devora nos tira de nossa essência!”, escreve Bernanos.

Assim, os dez leprosos que se levantam face a Cristo são o abismo da nossa vida, que clama “ao mais belo dos filhos dos homens”: “Jesus, Mestre, tem piedade de nós” (Lc, 17, 13). “Jesus Cristo, Filho de Deus Salvador, tem piedade de mim, que sou pecador”, como sussurravam constantemente os monges do Oriente, numa incessante súplica da alma. Portanto, precisamos nos permitir clamar ao esplendor de Deus.

Dificuldade de aceitação

Como é doloroso perceber as “lepras” que existem em nosso corpo. E isso é evidente na dificuldade que temos em carregar nosso corpo em suas luzes e sombras. Na verdade, estamos prontos para idolatrá-lo no gozo de nossa juventude, Mas o desprezamos nas fendas de nossa velhice. 

Porém, não podemos esquecer que o primeiro lugar onde o homem é chamado a ser fiel é em si mesmo, habitando o seu próprio corpo como terra santa, aberto à promessa da ressurreição. É ser incondicionalmente fiel a um corpo que não nos pertence, porque o recebemos da terra e teremos de devolve-lo à terra.

Mas como conseguir pensar assim, quando todas as revistas de celebridades continuam nos confinando à estreiteza de nós mesmos e exaltando o corpo mítico, onde toda alegria é igualada ao nível da sensação de bem-estar?

Restaurar a imagem de Deus em si mesmo em vez de se preocupar com o supérfluo

Se a beleza não for acompanhada pelo amor, ela é apenas um envelope vazio, um ídolo vazio. Portanto, já não é a beleza do Cristo “Salvador do mundo”.

O que vamos dizer ao Senhor no final de nossos dias? “Meu Deus, lutei para ser reto e evitei os excessos?” Ou: “conservei minha perda de peso graças ao meu personal trainer”?

Devemos carregar nosso corpo de glória e miséria como um templo, onde o poder de Deus se mostra em nossa fraqueza. Jamais amamos ninguém até aceitar amá-lo ao limiar da vulnerabilidade do seu corpo. Portanto, nunca teremos a beleza das mulheres perfeitas das revistas, mas sim a beleza do amor vivido na pele.

Beleza jovem

Em “O Retrato de Dorian Gray”, Oscar Wilde imagina um jovem consciente de sua grande beleza, e que a utiliza como força de sedução a serviço da mentira, do orgulho e da morte. Mas seu retrato é o espelho de sua alma, e por isso ele vai ficando cada vez mais feio até ficar coberto de lepra.

Assim, o jovem o esconde em seu sótão, e às vezes vai observá-lo, tremendo, para ver o mal que nele se realizara. No final do romance, em um acesso de raiva, ele esfaqueia o seu retrato e então ocorre uma inversão. O retrato recupera a beleza do passado e o jovem morre com o rosto marcado pela violência e pelo ódio.

E aí está o dilema de nossas vidas. Ou destruímos nosso lado feio, ou assumimos as nossas lepras. Mas apenas o caminho da misericórdia, no qual os leprosos são curados, nos permite carregar o que está contaminado em nossas vidas.

Na verdade, o caminho para dentro de nós mesmos é através do coração de Cristo. Quando foi a sua última confissão? Apresentemo-nos aos sacerdotes, que receberam a graça de perdoar em nome do Senhor e de nos restituir à imagem e semelhança de Deus, para que possamos “glorificá-lo e carregá-lo no nosso próprio corpo”.


CONFIDENCE

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Padre Luc de Bellescize

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