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É normal confessar sempre os mesmos pecados?

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Edifa - publicado em 06/11/20

Às vezes, ficamos desanimados na hora de confessar pensando que repetiremos os mesmos pecados. No entanto, a confissão repetida das mesmas faltas tem muitas vantagens.

Uma pessoa queixou-se a um padre de “sempre cometer os mesmos pecados”. O padre respondeu com humor: “Bem, espero que você não tenha vontade de cometer novos pecados!” De fato, já é uma graça evitar agravar nossa situação com novos comportamentos pecaminosos. Mas de que adianta confessar quando sempre repetimos os mesmos pecados?

Um sacramento que pretende ser “pedagógico”

A confissão não é um ato legal, uma forma de “acertar contas” com o Bom Deus e consigo mesmo. O sacramento da reconciliação é uma oportunidade privilegiada para experimentar a misericórdia do Pai para conosco. É um canal de graça, a vida divina nos é transmitida até mesmo através das feridas da alma que apresentamos ao perdão de Deus.

Primeiramente, este sacramento também pretende ser “pedagógico”, como dizia Bento XVI. Permite-nos entrar num conhecimento mais íntimo do coração de Deus. O Pai da misericórdia não se cansa de perdoar. Assim, esta misericórdia de Deus não é um sentimento, por mais “bom” que seja. Mas “a verdadeira força que pode salvar o homem e o mundo do câncer do pecado”, nas palavras do Papa Francisco. Fascínio, ação de graças e júbilo por tal revelação do amor pessoal de Deus por cada um!

Sejamos realistas: se a confissão repetida do nosso pecado nos incomoda, nem sempre é por causa da ferida que causou ao coração de Deus. O desconforto diante do nosso pecado muitas vezes se deve ao fato de estarmos infelizes com nós mesmos, de perceber que nossa imagem está desbotada. Porém, a vida cristã radica precisamente na experiência existencial da nossa miséria, da nossa incapacidade de fazer qualquer coisa fora de Cristo (Jo 15,5).

Os benefícios da confissão dos mesmos pecados

São Maximiliano Kolbe declarou um dia: “Quando todos os nossos meios foram decepcionantes, quando reconheci que estava perdido e meus superiores perceberam que eu era inútil, então a Imaculada tomou em suas mãos este instrumento que só servia para sucata”.

Por sua vez, Francisco de Sales explica: “Não só a alma que conhece sua miséria pode ter grande confiança em Deus, mas não pode ter verdadeira confiança sem conhecer sua miséria; porque este conhecimento e a confissão da nossa miséria nos apresentam diante de Deus”.

Portanto, a confissão repetida dos mesmos pecados leva-nos a este duplo conhecimento da infinita bondade de Deus e de nossa miséria inata. Jesus respondeu para a Madre Teresa, que lamentava ser “incapaz”: “Você é, eu sei, a pessoa mais incapaz, fraca e pecadora, mas justamente por isso quero usá-la para minha glória. Você vai recusar?”.

Assim, a pedagogia de Deus não consiste primeiro em nos libertar do pecado para estarmos moralmente em ordem. Pelo contrário, visa conduzir-nos a esta profunda inteligência do abismo da nossa miséria, chamada a ser diluída no abismo da misericórdia divina. É somente então que a graça sempre suficiente de Deus para evitar o pecado poderá ser efetivamente recebida.


CONFESSIONAL

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Padre Nicolas Buttet

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