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Crise da adolescência: um chamado para mais responsabilidades?

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Pressmaster | Shutterstock

Edifa - publicado em 09/12/20

Os adolescentes precisam que os adultos confiem neles. Não exigir nada deles significa privá-los de uma confiança vital para o seu crescimento

A adolescência é sempre analisada através de uma perspectiva problemática. Até validar a idéia de que nada pode ser exigido de um adolescente devido à sua crise de idade. “Está em tempos de crise, isso vai passar”, diagnóstico que recai sobre o adolescente e limita os pais à ter paciência. No entanto, reconhecer sua situação significa não fazer nada? Não, é começar a ajudar o adolescente a extrair essa força interior, esse impulso vital que mora nele, enfim, fazer emergir o adulto que está dentro dele.

O adolescente deve assumir suas responsabilidades

“Nossas sociedades são muito infantis em si mesmas, elas nos fazem prestar poucas contas de nossas responsabilidades”, analisa o pedopsiquiatra Didieux Pleux, autor de De l’enfant roi à l’enfant tyran [“Do menino rei ao menino tirano”]. No entanto, os adolescentes precisam que tenhamos confiança neles. Não exigir nada deles é dizer-lhes que cruzamos os braços, perdemos a confiança de que precisam para crescer. “Pierre? É inútil pedir à ele para fazer algo em casa”, conclui Anne, mãe de quatro filhos. Pierre é o segundo filho, o primeiro filho homem, e seus irmãos e irmãs adquiriram o hábito de não pedir que ele compartilhe as responsabilidades familiares. A adolescência de Pierre? Uma isenção de responsabilidades.

Devido o fato de querermos protegê-los muito, nós os mantemos numa irresponsabilidade de longo prazo. Crise da adolescência, crise dos 40 anos rebatizada de “crise da meia-idade” (com o prolongamento da expectativa de vida, vem depois) … De crise em crise, o ser humano moderno vê que lhe é concedida uma licença para ir por outro caminho a baixo custo e uma redução excepcional da responsabilidade que se volta contra ele. É hora de reconhecer aos nossos filhos o direito de serem responsáveis, ou seja, de responder por seus próprios atos. Para serem totalmente filhos, totalmente alunos, totalmente irmãos, os adolescentes devem assumir suas responsabilidades, como o pai de família diante da sua esposa ou a mãe diante dos seus filhos.

A questão seria então conceder-lhe uma responsabilidade ajustada à sua idade. No infinitamente pequeno das responsabilidades diárias, eles constroem confiança em si mesmos e nos outros. É a experiência que tem a irmã mais velha que segura a mão frágil da irmã mais nova à caminho da escola, do chefe da tropa de escoteiros que organiza um acampamento para os escoteiros mirins … Privá-los significa tirar uma confiança vital para o seu crescimento. “Você se torna eternamente responsável por aquilo que cautiva”, diz no livro “O Pequeno Príncipe”. Responsabilize aqueles que cautivamos por suas ações: seguindo seus pais, eles se tornarão homens e mulheres. Depende de nós confiar neles.

Anne Gavini

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