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Instruções para se livrar do sentimento de vergonha

CONFIDENCE

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Edifa - publicado em 07/01/21

Não falamos sobre nossa vergonha e às vezes temos vergonha de nos sentirmos envergonhados. Essa emoção pode nos isolar e nos empurrar para fecharmos sobre nós mesmos. No entanto, é possível se livrar dela

Sem dúvida, já vivemos múltiplas situações em que tivemos vergonha, uma emoção que nos incomoda, nos faz corar, baixar os olhos e querer desaparecer debaixo da terra. Adão e Eva, depois de desobedecer e comer o fruto da Árvore do Bem e do Mal, tiveram vergonha de se verem nus. Mas, quando esse sentimento aparece e por quê? E como me livrar disso?

A vergonha afeta nossa identidade

O neuropsiquiatra e especialista em comportamento humano Boris Cyrulnik, em seu livro Morrendo de vergonha: O medo do olhar do outro, qualifica a vergonha como “veneno da alma”. E diz mais: “Como podemos evitar nos fechar nela como numa toca? Como evitar ser submetido às múltiplas reações emocionais que isso gera em todos nós? E como recuperar a liberdade e o orgulho sem cair na armadilha da ausência de vergonha, que também é indiferença para com o outro e pode levar a algo pior?”

Os psicólogos nos dizem que a vergonha acontece quando mostramos aos outros que não somos capazes de nos ajustar às normas do grupo ao qual pertencemos em qualquer um dos quatro tópicos a seguir: conformidade, comportamentos úteis, sexualidade e competição por status (ou seja, ser bom ou inclusive o melhor, especialmente no campo profissional).

A vergonha afeta nossa identidade, nossa consciência de nós mesmos na frente de nós mesmos e na frente dos outros. E isso mancha. “Tenho vergonha de ter sido tão egoísta nessa situação. Achava que eu era mais generoso. Tenho vergonha de saber o que os outros vão pensar do meu comportamento”. “Esse sentimento nasce sempre no segredo do meu teatro íntimo, onde coloco em cena o que não posso dizer por medo do que o outro diga a respeito”, explica Boris Cyrulnik.

A confissão, caminho da reparação

A vergonha também pode ser causada por humilhação, ou seja, uma perda de status voluntariamente causada por outra pessoa. Deixada sem regulamentação, essa vergonha pode levar a transbordamentos violentos que procuram “reparar” a ofensa ao amor próprio. No entanto, admitir ser “falho” e expressar nossa vergonha em relação a um ato que poderia nos excluir do grupo também pode ter um impacto positivo. “Pecado confessado, meio perdoado”, diz o provérbio. Porque para confessar nosso pecado temos que enfrentar nossa vergonha e, portanto, reconhecê-lo.

A vergonha que sentimos já é a condenação do próprio ato e sua confissão já nos coloca no caminho da reparação. Podemos imaginar que Jesus Cristo, no episódio da mulher adúltera, percebe sua vergonha e sente compaixão por ela. Ele não a restaura devolvendo sua dignidade perdida: “Vá e não peques mais”?


POPE FRANCIS

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