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Como sobreviver a um inverno espiritual?

WOMAN, FIREWORK, WINTER

Jakob Owens | Unsplash

Edifa - publicado em 08/01/21

Como a natureza, nossa vida espiritual passa por temporadas. Às vezes, a adversidade, a seca interna e o cansaço nos mergulham no frio e na escuridão do inverno. Leia abaixo como recuperar o fogo do Espírito Santo que derreterá a geada de nossa alma endurecida

O inverno é uma estação austera. Na natureza adormecida, as árvores nuas parecem privadas de sua seiva e o solo coberto de gelo não permite qualquer vislumbre de safras futuras. O frio entorpece o corpo e traz uma ameaça mortal para os mais necessitados. A luz, tão pálida e tão estranha, parece devorada pela noite. Nossas vidas espirituais também passam por esses períodos em que a alma fica entorpecida, sem fervor, sem gosto na oração, submersa nas escuridões persistentes; algumas horas sombrias onde o acúmulo de fracassos, decepções e adversidades insiste em destruir a esperança; períodos de solidão em que já não sabemos onde encontrar o calor da ternura e a disponibilidade de um coração que escuta e compreende.

Todas as estações têm sua importância. E bem sabemos que, apesar das aparências, a natureza trabalha no inverno preparando-se para a fascinante eclosão da primavera. Os períodos de frio, de silêncio, de escuridão, de espera, onde tudo parece morrer, nunca são fáceis de passar, mas são uma etapa necessária. A chave é vivê-los na esperança, sem deixar que o sofrimento gere silêncio em nós, sem nos fecharmos na saudade e no remorso, sem nos deixarmos enganar pelas aparências. Então, mais cedo ou mais tarde, talvez quando menos pensarmos nisso, chegará a primavera com seu séquito de alegrias, sua luminosidade alegre e as promessas do verão. Como você vive no inverno? Dentro de casa, perto do fogo, na privacidade do lar. Da mesma forma, os invernos espirituais são um convite a entrar em nós mesmos para recuperar o fogo do Espírito Santo que derreterá a geada de nossa alma endurecida.

Não vamos temer o inverno

O problema, o leitor me dirá, é que nesses momentos, temos a impressão de que não sabemos mais rezar. Não sentimos mais esse amor ou essa alegria em nós, apenas um deserto gelado onde Deus parece ausente. No entanto, o fogo está aí. O amor ardente de nosso Deus só quer nos aquecer. Para encontrá-lo, devemos aceitar descer às profundezas de nossas trevas, nossas feridas, nossas fragilidades. Que nos reconheçamos como pobres e pecadores.

Não temamos o inverno: o próprio Jesus quis juntar-se a nós no frio para nos libertar dele. Apesar das aparências, aquelas longas semanas ou mesmo anos em que toda oração parece fútil, em que temos a impressão de estar longe de Deus, são na realidade momentos de escolha: nos é dado entrar na intimidade dAquele que, por amor à nós, desceu para a mais negra agonia. A noite de inverno é uma porta aberta para a Luz, se aceitarmos mergulhar nela. Embora não o sintamos, estamos muito próximos do fogo ardente do amor de Deus e a aparente parede que nos separa é justamente uma proteção, para que possamos estar perto Dele sem nos queimarmos.

Senhor, tu és a nossa esperança

É a esperança que nos ensina isto. Se a esperança fosse fruto de nosso raciocínio, de nossas impressões ou de nossa experiência, não suportaria por muito tempo os rigores do inverno. Mas a esperança é um presente de Deus. Na noite mais negra, no frio mais mortal, podemos repetir incansavelmente: “Senhor, tu és a nossa esperança”. As palavras pouco importam, pouco importa que as dirijamos diretamente a Deus ou que as façamos chegar através de Maria rezando o nosso terço; o que conta é este grito lançado à Ele que é “a ressurreição e a vida”, este grito que transmite a nossa pobreza e a nossa confiança.

A primavera já está aqui. A ressurreição, vitória absoluta de Jesus sobre todas as noites e todos os invernos do mal, já é nossa. “Com ele ressuscitaram”, afirma São Paulo. “Cristo os reavivou com ele, perdoando todas as nossas faltas” (Col 2, 12-13). Não é apenas um futuro: é uma realidade que já está presente, embora ainda não possamos vivê-la em sua plenitude. Estejamos atentos aos sinais que, mesmo no centro dos nossos invernos, revelam a presença da primavera – no sorriso de um amigo, num momento de profunda paz ou numa pequena alegria inesperada – e saibamos como agradecer por isso. Não há nada como o elogio para apressar a chegada dos dias bonitos.


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