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As chaves para ajudar a criança a entender a noção do tempo

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© Africa Studio I Shutterstock

Edifa - publicado em 09/02/21

Amanhã, dentro de uma hora, na próxima semana... Todas essas são noções muito vagas para as crianças. Aqui estão algumas dicas que as ajudarão a encontrar seu caminho no tempo

“Lembra, mãe, quando amanhã nós vimos um passarinho morto na rua? – Ontem, você quer dizer!”. Qual pai não teve que corrigir as escorregadas do filho na compreensão da linha do tempo? Às vezes até mesmo irritando nossos reflexos cartesianos: “Pare de falar do seu aniversário, é daqui a seis meses!”. Não adianta reclamar: até os 6 anos, as crianças não têm a mesma temporalidade dos adultos. As expressões que nos são familiares (“hoje”, “daqui a dois minutos”, “antes”) nada significam para elas.

O ritmo do dia será baseado nos acontecimentos

Nesta idade, o tempo se confunde com o imediatismo. “Eles ficam mais centrados se marcamos as horas conforme os acontecimentos que marcaram o dia deles”, aconselha a psicóloga Céline Durand. “Depois da escola ele pode fazer tal coisa… Quando o pai chegar em casa, ele terá sua história, etc.

Ao ingressar na primeira série, as crianças começam a adquirir determinados referenciais de tempo. Portanto, este é o momento certo para dar a elas um calendário no qual aparecem as estações, os dias da semana e os meses do ano. Por conta própria, em breve ela pedirá um relógio: “Quanto mais ela cresce, mais o desenvolvimento do seu cérebro permite que ela quantifique sua relação com o tempo. Assim ela vai abraçando a realidade”. E logo ela será capaz de administrar o próprio tempo, irá crescer em autonomia.

Respeite a personalidade de cada um

Quando o seu filho leva três horas para calçar meias e sapatos e você fica dizendo “Rápido! Vamos nos atrasar”, essa não é só uma questão de idade. A relação de uma criança com o tempo também é depende de sua personalidade, observa Sophie Passot, conselheira matrimonial e familiar. Uma criança com temperamento perfeccionista precisará de tempo para organizar tudo, para fazer as coisas “por completo”. O altruísta, que valoriza o relacionamento, apreciará chegar cedo à escola para bater um papo com os amigos, e não contará as horas que passa batendo papo pessoalmente ou ao telefone. O hedonista, cujo motor é o prazer, tenderá a buscar atividades que geram bom humor, em vez de se entregar a uma atividade que pode aborrecê-lo. E assim por diante.

A regra de ouro para os pais é respeitar esses temperamentos tanto quanto possível – o Eneagrama pode ajudar a descobrir o temperamento de cada um – enquanto estabelece uma estrutura. “Com dez filhos”, ri Marie, “não é surpresa que tenhamos um “rato da cidade” e um “rato do campo”! Para que a vida familiar não seja muito impactada, buscamos soluções para as nossas diferenças. Descobrimos que forçá-los é contraproducente. Depende de nós nos adaptarmos. “O rato do campo, sempre sonhando acordado, é Rémi, de 17 anos. “Existem tantos pensamentos em sua cabeça que ele tem dificuldade para se concentrar”. Os pais o acordaram mais cedo, batem na porta do banheiro todas as manhãs e por fim, acabaram aceitando que ele nem sempre toma café da manhã: “Cabe a ele assumir o comando agora”.

As cobranças para “se apressar” estressam mais que ajudam

Com o irmão de 12 anos, Maël, “agitado, nervoso e eficiente”, os pais precisam ter o cuidado de dar um pouco de folga nas atividades do dia a dia, para evitar atrasos. A estratégia deles é de não gerar insegurança nos filhos. “Apressar as crianças é improdutivo. Nada supera a gentileza, combinada com a firmeza”, confirma Rose-Marie Miqueau, cofundadora com o padre Yannik Bonnet da escola Alcuin de educação e cultura. “Hiperdinamismo ou a hipoatividade é uma questão fisiológica”, lembra.

Embora algumas crianças sejam naturalmente estressadas, muitas infelizmente estão ficando estressadas e ansiosas por causa da pressão de uma sociedade cujo ritmo enlouqueceu. Porque, além dos temperamentos, os adultos transmitem aos filhos algo de sua própria relação com o tempo. “Uma criança ágil”, observa a psicóloga Céline Durand, “pode ter ficado assim ao assistir a corrida de seus pais por eficiência. A recomendação de sempre se apressar se tornou a norma para muitas famílias hoje”. “Estamos constantemente em uma corrida frenética, suspira Aude, jovem na casa dos trinta. Isso nos mata”. Foi quando ela decidiu dar aos filhos um ano de aulas em casa que ela percebeu: “O fato de as crianças não estarem mais sob pressão criou uma atmosfera muito mais pacífica!”. Quando os quatro irmãos voltaram ao modelo tradicional de ensino, ela refletiu sobre como manter a paz em casa: “Eu tento o máximo possível seguir uma programação. O que pode parecer rígido é, na verdade, libertador”. Assim, os conflitos recorrentes com horário são resolvidos de forma simples: “Sugeri que ele se levantasse quinze minutinhos mais cedo. E funcionou!”.

Não esqueça de ensinar as crianças sobre o valor do tempo

Criar ritos estruturantes para crianças também é o que Sophie Passot recomenda. “É bom incentivá-los a realizar atividades demoradas, para contrariar os efeitos nocivos das telas e das múltiplas distrações a que estão sujeitos. “Leve-os para recarregar as baterias na natureza, incentive-os a cultivar suas amizades fora das redes sociais (“um relacionamento precisa de um determinado tempo investido”), ajude-os a desenvolver um talento específico (aprender um instrumento, progredir no esporte).

Ensinar-lhes o valor do tempo é basicamente o papel dos adultos. Mas será que os pais também não podem aprender com seus filhos? Este é o cerne da mensagem transmitida por Anne-Dauphine Julliand, mãe que perdeu duas filhas, em seus livros e em seu documentário Et les mistrals Gagnants (2016). “Nós, adultos, medimos a nossa vida no tempo, não nos momentos. Estávamos prestes a comemorar o aniversário da nossa filha Thaís, cuja doença tínhamos acabado de descobrir, quando nosso filho mais velho nos chamou para dizer: “Ela ainda não morreu! Vamos acender as velinhas?”. “Recordemos, portanto – conclui a professora Rose-Marie Miqueau – que na eternidade não existe tempo, e que Cristo nos chama a redescobrir no hoje o espírito da infância”.


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Raphaëlle Coquebert

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