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Quaresma: como encorajar os filhos a se preparar para a Páscoa?

CHIRCH
Edifa - publicado em 03/03/21

Durante as longas semanas da Quaresma, as crianças precisam de uma ajudinha para não abandonar as boas resoluções tomadas no entusiasmo dos primeiros dias deste tempo especialPode acontecer que, por inércia ou simplesmente porque nos deixamos dominar pelos afazeres, ainda não tenhamos levado a sério o caminho pascal. Há uma grande tentação de dizer a si mesmo: “Não tem problema, faremos melhor no próximo ano”. Vamos ajudar as crianças a descobrir que nunca é tarde demais para bem trilhar esse caminho e nunca é cedo demais para começar.

Um calendário divertido para avançar até a Páscoa

Lembre-se de que um calendário permite que as crianças, ao visualizarem a passagem do tempo, meçam seu progresso, dia após dia, no caminho para a Páscoa. Se você nunca usou essa estratégia, é possível fazer para seus filhos um calendário da Quaresma, no qual eles colarão um novo adesivo a cada dia (ou farão uma pintura no espaço reservado para aquele dia). Para mostrar claramente que a Quaresma é uma progressão, uma subida, é importante que o caminho até a Páscoa seja representado por um caminho de subida ou uma escada (um degrau a ser alcançado a cada dia).

As crianças podem marcar os seus esforços através do calendário ou de qualquer outro meio simbólico: uma grande cruz que colorem ou na qual colam adesivos, um quebra-cabeça para montar, etc. Mesmo que não tenham começado no início da Quaresma, podemos sugerir-lhes de começar agora, se sentirmos que elas precisam de algo concreto para perseverar. Claro, esta estratégia também tem seus limites, pois quando a criança é seu próprio juiz, ela tende a ser ou muito bondosa, ou muito severa; às vezes há também uma espécie (lamentável) de competição entre irmãos e irmãs, onde se perde o valor da Quaresma. Este período não pode ser limitado à soma dos esforços e sacrifícios feitos. Mas essas situações podem ser mitigadas se os filhos forem apoiados e orientados por seus pais, que saberão apaziguar alguns, aproximar outros, e ajudar a todos na descoberta de que a Quaresma é antes de tudo um passo de Deus para cada um de nós. É o seu Amor que vem primeiro, que precede nossos esforços e nossas renúncias.

Não escolha sacrifícios tão ambiciosos

Quando você não tem coragem de perseverar no esforço, começa a encontrar mil “boas desculpas” como: “A resolução que eu escolhi é muito difícil, é impossível de completar”. As crianças podem, de fato, escolher sacrifícios excessivamente ambiciosos. Nesse caso, devemos sugerir que elas façam escolhas mais precisas e modestas. Em vez de: “Estarei sempre de bom humor”, se decida por: “Farei um esforço para estar sempre sorrindo pela manhã”. Além disso, a criança deve descobrir que o problema não é cair, mas permanecer no chão. Porque ficar no chão é duvidar, não só de si, mas principalmente de Deus e de sua misericórdia. Deus não está nos pedindo para seguirmos em frente com passos gigantes. Ele nos pede que sigamos em frente, isso é tudo. Para dar um passo de cada vez, por menor que seja.

Embora algumas resoluções sejam ambiciosas demais, outras podem ser ambiciosas de menos! Para reacender o entusiasmo, não tenha medo de “ir um degrau além”. Diga para a criança: “Você pode ir mais longe, você consegue”. Isso também vale para a família: pode-se decidir, durante a Quaresma, fazer mais do que o que foi inicialmente planejado (quanto à oração familiar, por exemplo, ou à partilha). Em todo caso, não devemos ficar estagnados ou presos aos limites de um “programa” estabelecido previamente. A Quaresma, assim como toda a vida, deve ser sempre vista como uma progressão, uma oportunidade de crescer.

Incentive os jovens, mas também os adultos

A criança precisa de algo concreto, algo tangível. Ela não vê a Deus, não o ouve, mas Deus se revela ao filho por meio dos pais. Ele conta com eles para estarem atentos aos esforços uns dos outros dentro da família, aos sacrifícios, aos atos generosos, e também para saber orar e ficar em silêncio em um momento e no outro restaurar a confiança de seus filhos. A criança precisa ouvir: “Isso é bom”. Ela precisa se sentir compreendida e encorajada. Muitas vezes basta um olhar, um sorriso, para dizer à criança que percebemos o seu esforço e que, respeitando a discrição alegre com que o realiza, queremos mostrar que temos orgulho dela.

Ajudar os filhos mais novos é relativamente fácil, mas os mais velhos também precisam de incentivo, ao mesmo tempo que exigem que os deixemos resolver as coisas sozinhos. Cabe então aos pais encontrar um difícil equilíbrio entre uma presença atenta e uma discrição cheia de respeito. Tudo o que você precisa fazer para desencorajar um adolescente é dizer publicamente: “Você não vai comer chocolate hoje? É por causa da Quaresma?”, ele vai desistir imediatamente da penitência que queria que fosse secreta. Mas, paradoxalmente, se ele fizer um esforço para servir os outros e ninguém perceber, ele pode ficar desmotivado e desistir rapidamente.

Um ambiente alegre, uma boa maneira de ajudar as crianças a perseverar até a Páscoa

A Quaresma não é uma época sombria. É um momento de conversão, portanto de alegria. Assim como “um santo triste é um triste santo”, “uma triste Quaresma é uma triste Quaresma triste”. Certamente, a conversão envolve contrição e penitência. Sofrer porque pecamos, sentir no nosso coração a dor de ter pecado é uma das graças da Quaresma. Mas essas lágrimas não excluem a alegria, pelo contrário, elas são a porta que nos abre para a felicidade de sermos salvos. A alegria da Quaresma deve refletir-se muito concretamente, diariamente, na vida familiar. E esta atmosfera alegre é certamente uma das maneiras mais seguras de ajudar as crianças a perseverar até a Páscoa.


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Christine Ponsard