Antoine Mekary | ALETEIA
[big_first_char_text]No capítulo 10 do livro dos Atos dos Apóstolos, fala-se do centurião Cornélio, talvez um militar já na reserva, do momento que nesse trecho dos Atos se falará de sua casa - que ficava na cidade de Cesareia, na Palestina, sede do governador romano - e de sua família. Sua patente militar denota seu posto de comando: é um “centurião”, isto é, um militar que tem sob seu comando um grupo de “cem” legionários romanos. Seu nome talvez o ligue à gens Cornelia, portanto, isso o tornaria alguém de ascendência itálica. É descrito ainda como um homem “piedoso e temente a Deus” - que nesse caso, pode indicar o seu seguimento, como simpatizante, da Lei de Moisés; também é dito que ele se dedicava às orações e às esmolas. Em certo dia, enquanto rezava fervorosamente, teve uma visão de um anjo que o chamou pelo nome e lhe diz que suas orações e esmolas eram agradáveis a Deus. Disse-lhe também para enviar alguns homens até Jope com a finalidade de convidar Simão Pedro para que este lhe fizesse uma visita em sua casa. Cornélio enviou dois servidores e um soldado; nesse ínterim, o apóstolo Pedro teve também uma visão simbólica, em que Deus esclarecia-lhe sua vontade de abrir aos gentios a entrada na Igreja. Logo em seguida Pedro recebe os forasteiros e aceita seu convite; ao chegar até a casa de Cornélio, é cumprimentado por este e por toda sua família. Cornélio recebe a evangelização de Pedro e, enquanto Pedro prosseguia com sua fala, o Espírito Santo desce sobre todos os presentes, manifestando o dom das línguas: diante desse fato extraordinário, Pedro compreende a vontade de Deus, e batiza a Cornélio e toda sua família. Assim é apresentada a “entrada” oficial dos pagãos no cristianismo. No que diz respeito a essa história singela, o que se quer afirmar é o caráter da iniciativa livre de Deus, que elegeu os pagãos para entrarem na comunidade do novo Israel que é a Igreja. Dessa forma, no relato, não apenas se justifica a entrada dos pagãos, mas também se ratifica essa entrada como uma vontade irreversível do próprio Deus.
Sobre Cornélio, algumas tradições que surgiram fora das páginas bíblicas, o descrevem como bispo e mártir. Consta também que sua casa teria sido transformada em igreja e seria meta de peregrinações no IV século. Na Igreja Latina, sua comemoração ocorre no dia 20 de outubro.
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