Aleteia logoAleteia logoAleteia
Quinta-feira 18 Abril |
Aleteia logo
Oração do dia
Meditação do dia22 Março 2023

Eu sou a Luz do mundo

Hoje, no centro do Evangelho e no centro da liturgia encontra-se Jesus e um homem cego de nascença. Cristo restitui-lhe a vista e faz isto num sábado. Ele opera este milagre, por certos aspectos, de um modo “ritual”. Antes mistura o pó da terra com a saliva e unta com ele os olhos do cego. Em seguida, ordena-lhe que se lave na piscina de Siloé. Depois de se ter lavado, o cego de nascença readquire a vista. Com este sinal Jesus de Nazaré manifesta-se como luz do mundo, antes de mais, porque torna possível a vista ao homem cego: a vista é a capacidade de contato com a luz do mundo exterior.
Depois, porque liberta este homem da cegueira de espírito. Abre os olhos da alma dele para Deus e para os seus mistérios. Uma tal abertura da alma chama-se fé, que significa estar em contato com a luz do mundo interior. O homem cego de nascença, depois de ter readquirido a capacidade de ver, abre-se ao mesmo tempo para o mistério de Cristo. Confessa a fé no Filho do Homem. O evento, leva-nos a refletir sobre a nossa fé em Cristo [...]. Indiretamente, este evento refere-se também ao Batismo, que é o primeiro sacramento da fé: o sacramento que abre os olhos, mediante o renascimento por meio da água e do Espírito Santo; tal como aconteceu com o cego de nascença, cujos olhos se abriram, depois de se ter lavado na água da piscina de Siloé. O evento mostra-nos também que a fé do homem, renascido pelo poder de Cristo, encontra a desconfiança e, até mesmo, a incredulidade. Em certo sentido ele deve caminhar através desta desconfiança e incredulidade. Assim, caminha a fé do cego de nascença, a quem Cristo restituiu a vista. A sua fé no Filho do Homem encontra a oposição dos fariseus, a incredulidade deles. Não é fácil a um homem, socialmente deficiente, opor a esta incredulidade a própria fé. Todavia, diante de todas as acusações, que os seus interlocutores apresentam a respeito de Jesus, ele tem um argumento irrefutável: ele restituiu sua visão. Além da teimosa incredulidade, o homem curado da cegueira congênita, encontra também temor e medo, até da parte dos próprios pais, que preferem não se expor às represálias dos fariseus influentes. [...] Assim, pois, a fé do homem, a quem Cristo restituiu a vista, passa através de uma dura prova, mas sai vitoriosa. A luz incutida por Cristo na sua alma — não só nos seus olhos demonstra-se mais forte do que a incredulidade e a desconfiança, revela-se também mais forte do que os temores humanos e à própria vontade de intimidar. Tudo isto têm sua eloquência, não só no contexto deste homem concreto e deste evento real (que no Evangelho de João é descrito de um modo extraordinariamente detalhado), mas também no contexto da vida e do comportamento de todos os homens, de cada cristão. A fé de cada um de nós, porventura, não está exposta à nossa própria fraqueza? — e também à incredulidade, à desconfiança, às dúvidas, à pressão da opinião e, às vezes, ao medo, à discriminação e à perseguição? Pensemos hoje em todos os homens do mundo inteiro, em todos aqueles a quem Cristo concedeu a sua luz: a quantas dificuldades, opressões, perseguições, está exposta a fé de muitos deles! E quão frequentemente a fé deve lutar contra as fraquezas de cada um de nós! Peçamos uma fé forte. Peçamos a coragem da fé.

São João Paulo II
Praça de São Pedro, Homilia, 1 de abril de 1984.
264° Papa da Igreja Católica (1920-2005).

Top 10
Ver mais