Jogaram-no para fora da vinha e o mataram...
A vinha do Senhor, diz o profeta, é a casa de Israel. (Is 5,7) Ora, esta casa somos nós [...] e como somos Israel, também somos a vinha do Senhor. Vigiemos, portanto, para que não brote de nossos sarmentos o fruto da raiva, em vez da uva doce (Ap 14,19), para que não diga: “Esperava uvas doces e deram uvas azedas” (cf Is 5,7) Que terra tão ingrata! Ela, que devia dar a seu mestre frutos de doçura, o atravessou com espinhos ponteagudos. Assim, seus inimigos, aqueles que deveriam ter acolhido seu Salvador com toda a devoção de sua fé, o coroaram com os espinhos da paixão. Para eles, essa coroa significava ultraje e injúria, mas, aos olhos do Senhor, era a coroa das virtudes [...]. Prestai atenção, irmãos, para que não seja dito a vosso propósito: "Eu esperava uvas doces e deram uvas azedas”. Tenhamos cuidado para que nossas más ações não firam a cabeça do Salvador como espinhos cruéis. Há espinhos do coração que feriram até a própria palavra de Deus, como diz o Senhor no Evangelho quando narra que o grão do semeador caiu entre os espinhos, eles cresceram e afogaram a semente. [...] Vigiai, pois, para que a vossa vinha não produza espinhos em vez de cachos de uva, que vossa vindima não dê vinagre em vez de vinho. Quem faz a colheita da uva sem distribuir seus bens aos pobres, coleta vinagre em vez de vinho. E aquele que coloca sua colheita nos celeiros sem dar comida aos necessitados, não colhe o fruto da esmola, mas o restolho da avareza.
São Máximo de Turim
Sermão: Espinhos do Coração para a festa de San Cipriano
Mártir e primeiro bispo de Turim (†408-423?)