Fred de Noyelle | GODONG
[big_first_char_text]São Nicolau é um dos santos mais conhecidos e venerados pelo mundo afora. Cada cultura que o conheceu, ilustrou algum aspecto diverso de sua vida, mas, em geral, sempre foram conservadas algumas características fundamentais como, por exemplo, sua defesa pelos fracos e por aqueles que sofrem injustiças. Também é venerado como protetor das noivas e dos marinheiros, mas é mundialmente conhecido por sua caridade para com as crianças. Nicolau nasceu por volta do ano 260 d.C. numa localidade chamada Patara e que hoje pertence à Turquia. Não se sabe muito de sua infância; alguns textos piedosos o descrevem como alguém destinado à santidade desde o ventre materno. O ambiente onde viveu era, naquela época, permeado pela cultura grega. Parece que seus genitores fossem de famílias abastadas, mas apesar de ter nascido num “berço de ouro”, Nicolau logo demonstrou uma predileção pela ascese: fazia jejuns e observava penitências. Desde muito cedo, dá também mostras de cultivar as virtudes cristãs, principalmente a virtude da caridade. De fato, caridade e castidade, são as duas virtudes que se apresentam como pano de fundo de um dos episódios mais conhecidos de sua vida: o episódio ocorreu na cidade de Mira, uma cidade marítima onde, mais tarde, ele seria bispo. Segundo alguns relatos, seus pais haviam já falecido e ele, Nicolau, se tornara um jovem cheio de esperanças e de meios materiais. Nesse momento, chegam a seus ouvidos que uma família estava passando por sérias necessidades. Um pai de família, vivendo na miséria, estava desesperado pois não tinha o necessário para oferecer um dote e, consequentemente, um casamento digno para suas filhas. Em meio ao desespero – para a sociedade da época, isso seria considerado como algo extremamente vergonhoso – esse pai havia insinuado para suas filhas que a única solução seria a prostituição, como forma de arrecadar o dinheiro necessário para o dote do casamento. Diante dessa notícia infeliz, Nicolau decidiu intervir: ocultamente, durante a noite, envolveu moedas de ouro num pano e saiu de casa para ir até a morada dessas noivas. Aproximando-se da janela, passou o braço pelas grades e deixou cair um saquinho contendo as moedas de ouro. O pai, ao perceber o barulho, acorreu e descobriu o dinheiro, mas não conseguiu individuar o benfeitor. Com o dinheiro em mãos e com grande felicidade, organizou o casamento da filha maior. Diante dessa notícia, São Nicolau voltou novamente à casa dessa família e deixou mais um saquinho de moedas de ouro. Mais uma vez o pai descobriu o dinheiro sem, no entanto, conseguir descobrir quem era o benfeitor. Com essa doação, mais uma vez ele pôde casar a filha do meio. Após esse casamento, ainda restava a filha mais nova: novamente a história se repete, mas desta vez, o pai havia ficado em vigília. Ao perceber que o benfeitor desconhecido jogara mais um saquinho com moedas de ouro, o pai se precipitou para fora da casa e reconheceu Nicolau como o grande benfeitor até então desconhecido. Apesar disso, Nicolau conseguiu fazer com que esse homem prometesse segredo sobre a coisa. Mas, com o passar o tempo, a história se tornou pública, revelando a grande caridade de São Nicolau. Tendo morrido o bispo de Mira, os bispos da região se reuniram para decidir sobre o futuro sucessor. Segundo consta, um deles teria tido um sonho revelador: eles deveriam eleger o primeiro jovem que entrasse de madrugada na igreja chamado Nicolau. Escutando essa visão, os bispos compreenderam que esse eleito estaria destinado pelo Senhor a grandes coisas. Na primeira hora da manhã, ao abrirem as portas da igreja, entrou Nicolau para suas orações. O bispo que havia tido o sonho se aproximou dele e perguntou-lhe o nome. Diante da resposta, o conduziu ao centro da assembleia e o apresentou a todos. Todos concordaram que ele, Nicolau, um simples jovem leigo, deveria ser eleito como bispo de Mira. E assim foi. Sua eleição, porém, ocorreu num tempo difícil para a Igreja: havia a perseguição do imperador Diocleciano. Alguns escritores cristãos afirmam que São Nicolau sofreu a prisão durante a perseguição e, nesse momento difícil para a Igreja, o santo bispo não se deixou abater: encorajava os cristãos que também sofriam a dura perseguição. Após as perseguições, São Nicolau pôde contemplar o grande “milagre”: a Igreja perseguida duramente poucos anos antes, agora via-se como uma Igreja que podia desfrutar da proteção de um imperador que protegia os cristãos. São Nicolau não só viveu para ver a ascensão do imperador Constantino, como também participou do grande concílio de Niceia. Após tanto desvelo e caridade, próximo ao ano 335 d.C., ele morreu na paz do Senhor. No ano 1087 uma expedição naval que havia partido da cidade italiana de Bari, se apoderou das relíquias de São Nicolau e, no ano de 1089, essas relíquias foram acomodadas na cripta da basílica da cidade, que fora erguida para esse fim; aí permanecem custodiadas até os dias de hoje.
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