Contemplem minhas mãos e meus pés. Sou eu!
Entrando no Cenáculo com todas as portas fechadas à chave, Cristo mostrou mais uma vez que ele é Deus por natureza, mas que não é tão diferente daquele que antes vivia com seus discípulos. Descobrindo seu lado e mostrando a marca dos cravos, manifestou a evidência de que ergueu o templo do seu corpo que esteve suspenso na cruz, destruindo a morte física, pois por natureza ele é a vida e é Deus. Para observar exatamente o desígnio divino, no Cenáculo, Nosso Senhor Jesus ainda apareceu sob a forma que tinha antes, e não segundo a glória devida que corresponde ao seu templo transfigurado. Ele não queria que a fé na ressurreição repousasse sobre um aspecto e um corpo diferente daqueles que havia recebido da Virgem Santa e nos quais morreu após ser crucificado de acordo com as Escrituras.
O Senhor saúda os discípulos dizendo: “A Paz esteja convosco!”. Desse modo, ele declara que ele mesmo é paz, pois aqueles que gozam de sua presença também gozam de um espírito perfeitamente apaziguado. Para São Paulo, a paz de Cristo, que ultrapassa tudo o que podemos imaginar, nada mais é do que o seu Espírito; aquele que participa em seu Espírito será preenchido com todo o bem.
São Cirilo de Alexandria
Comentário sobre o Evangelho de São João.
Monge e bispo de Alexandria, É Doutor da Igreja (370-444).