Espírito Santo, o outro consolador
Cristo, que “havia entregado o espírito” sobre a Cruz, como Filho do homem e Cordeiro de Deus, uma vez ressuscitado, vai aonde estão os Apóstolos para “soprar sobre eles” [...] A vinda do Senhor enche de alegria os presentes: “A sua tristeza converte-se em alegria”, como ele já lhes tinha prometido antes da sua paixão. E, sobretudo, verifica-se o anúncio principal do discurso de despedida: Cristo ressuscitado, como que dando início a uma nova criação, “traz” aos Apóstolos o Espírito Santo. No entanto, o trará à custa da sua “partida”; dá-lhes o Espírito como que através das feridas da sua crucifixão: “mostrou-lhes as mãos e o lado”. É em virtude da mesma crucifixão que Ele lhes diz: “Recebei o Espírito Santo”.
Estabelece-se assim uma íntima ligação entre o envio do Filho e o do Espírito Santo. Não existe envio do Espírito Santo (depois do pecado original) sem a Cruz e a Ressurreição: “Se eu não for, não virá a vós o Consolador”. Estabelece-se também uma íntima ligação entre a missão do Espírito Santo e a missão do Filho na Redenção. Esta missão do Filho, num certo sentido, tem o seu “cumprimento” na Redenção. A missão do Espírito Santo «vai haurir» algo da Redenção: “Ele receberá do que é meu para vo-lo anunciar”. A Redenção é totalmente operada pelo Filho, como o Ungido, que veio e agiu com o poder do Espírito Santo, oferecendo-se por fim em sacrifício supremo no madeiro da Cruz. E esta Redenção, ao mesmo tempo, é constantemente operada nos corações e nas consciências humanas — na história do mundo — pelo Espírito Santo, que é o “outro Consolador”.
São João Paulo II
Carta Encíclica “Dominum et Vivificantem” § 24
Primeiro Papa polonês da história.
Seu pontificado foi o terceiro mais longo da história (1920-2005).